O Banco Central Europeu, em particular o Eurosistema, é responsável pela definição e implementação da política monetária na Área Euro com o intuito de atingir o objetivo primordial do mesmo: a estabilidade de preços, a qual traduz-se numa taxa de inflação, no médio-longo prazo, com valor simétrico de 2%.
Posto isto, o BCE tem à sua disposição duas políticas monetárias de forma a aumentar ou diminuir a inflação: políticas monetárias convencionais e políticas monetárias não convencionais.
As políticas monetárias convencionais são políticas típicas e usuais implementadas pelo Eurosistema de forma a atingir o objetivo acima mencionado. Através de alterações das taxas de juro diretoras ( instrumentos fundamentais para a condução da política monetária), o BCE irá conseguir alterar os preços da Área do Euro.
Face à crescente inflação que assola todo o mundo, e, em particular, a Europa, a presidente do BCE, Christine Lagarde, confirmou que a entidade monetária começará a aumentar as taxas de juro em julho.
Mas então o que significa este aumento das taxas de juro?
Estamos perante uma política monetária convencional do tipo restritiva que terá influência em diversos canais da transmissão da política monetária, os quais :
O aumento da taxa de juro diretora afeta diretamente a taxa de juro interbancária, fazendo com que o crédito fique mais caro. Se o crédito fica mais caro, as famílias e as empresas irão perder incentivo a consumir e a investir, respetivamente, o que levará a uma diminuição da procura interna e, consequentemente, diminuição da inflação.
Por outro lado, e numa perspetiva de curto prazo, esta diminuição da taxa de juro leva a que haja um aumento da procura de euros, gerando uma pressão para a apreciação da moeda nacional em termos nominais e em termos reais, gerando uma perda de competitividade externa ( nossas exportações ficam relativamente mais caras face às importações) e, por isso, a procura agregada irá diminuir.
No médio-longo prazo, a diminuição das taxas de juro geram expectativas de recessão económica, motivado pelas expectativas de deflação e da apreciação da moeda nacional, agravando ainda mais a procura agregada.
Em suma, esta diminuição da taxa de juro, se o mecanismo de transmissão monetária for eficiente, levará, é certo, à diminuição da inflação, mas irá agravar um problema ainda maior: recessão económica.

João Fonte, 20 anos, natural da Póvoa de Varzim. Atualmente frequento o 3º ano da licenciatura em Gestão na FEP e pretendo seguir mestrado em Finanças. Com um gosto particular pela aventura e a descoberta de novos horizontes, estou a realizar mobilidade internacional, através do programa Erasmus +, na School of Economics and Business Ljubjana. Dado o meu interesse pela área financeira, ingressei na Meu Capital em março de 2022. Tem sido uma experiência fantástica, através da qual tenho aprendido a saber gerir melhor o meu tempo e a aprender sempre mais sobre uma das áreas mais interessantes a nível mundial.