O medo do aumento da inflação

O mercado de ações caiu em território perigoso esta terça-feira com a insegurança e medo de que a taxa de inflação nos Estados Unidos tenho um aumento significativo. 

O índice Dow Jones apresentou a maior queda desde o final de fevereiro ao cair 474 pontos, cerca de 1,4%. O índice de ações de alta tecnologia, Nasdaq, apesar de ter conseguido reverter essas perdas mais tarde, também desceu cerca de 2% com a abertura dos mercados. 

As bolsas europeias também registaram quedas bastante acentuadas, com o receio e preocupação do aumento da inflação e taxas de juros mais elevadas. O FTSE 100, o principal índice de ativos da Grã-Bretanha que reúne dados de 100 ações de grandes empresas negociadas na Bolsa de Valores de Londres, apresentou uma queda de 2,47%, passando da marca de 7.000 para 6.947,99.

O índice Cac 40 da França e o índice Dax da Alemanha também apresentaram uma descida de cerca de 2%.

“O mercado simplesmente não se consegue livrar dos receios da inflação que está a atrapalhar a recuperação do Covid-19”, afirmou Russ Mold, diretor de investimentos da AJ Bell.

Recentemente, verificou-se um boom nos preços das commodities. Os contratos de Futuros do cobre atingiram recordes e o preço do petróleo subiu para níveis que já não se viam desde 2018. Com estas subidas acentuadas, é de esperar que os custos para as empresas aumentem.

“O preço em alta das commodities está a agir como um “canário na mina de carvão” para a inflação – sendo o pacote de estímulo nos Estados Unidos um fator-chave de contribuição.” (em inglês, a expressão “canary in the coal mine” significa alguém/algo que é um alerta precoce de perigo, que avisa a vinda de maior perigo).

 Em março de 2021, foi lançado o pacote de estímulos americano de 1,9 biliões de dólares por parte do presidente Joe Biden. No mês passado, o mesmo definiu planos de gastos em infraestruturas e postos de trabalho, educação e assistência social. Tudo isto levou a uma acumulação de poupanças que agora estão a ser gastas com a reabertura da economia, provocando um aumento nos preços.

Apesar de o Sistema de Reserva Federal dos Estados Unidos (Fed) ter definido uma meta anual de 2%, a inflação atingiu os 2,6% nos últimos 12 meses até março. Os investidores estão preocupados que a Fed possa vir a aumentar as taxas de juro e que por consequência, provocarem um desincentivo na tomada de risco nos mercados.  

Adicionalmente, o diretor de investimentos da Shore Financial, Ben Yearsley, afirma que a inflação poderá aumentar nos próximos meses, algo que Warren Buffett também alertou

“Se a inflação persistir e ainda estivermos a falar dela nos próximos seis meses, por exemplo, então esse é um cenário diferente e talvez leve a taxas de juros mais altas.”

A Fed afirma ainda que o aumento da taxa de inflação se deve a “fatores transitórios” e que as expectativas sobre a inflação futura estão “bem sustendadas”. No entanto, os investidores permanecerão com a mesma cautela, na eventualidade das pressões inflacionárias persistirem e levarem a Fed a reavaliar a situação. 

Autor: Margarida Fernandes

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