O impacto do aumento da taxa de inflação no equilíbrio macroeconómico português atual.

Uma vez decretada a invasão da Rússia em território ucraniano, o equilíbrio macroeconómico português coloca-se numa situação fragilizada, dada a importância estratégica dos fluxos comerciais ucranianos e russos na estabilidade da inflação, a nível internacional.  

Não é demais salientar a magnitude a nível mundial dos produtores russos no mercado de matérias-primas, como o petróleo, gás natural, trigo e alguns metais preciosos. A restrição das exportações pelo presidente russo, Vladimir Putin, provocou um aumento exponencial do preço destes bens nos países importadores, sendo uma das razões para o aumento generalizado do nível de preços.

Estima-se um valor de 5,1% para a taxa de inflação, a vigorar em 2022, mais do dobro da meta objetivo do Banco Central Europeu (BCE) (2%).  Já o território ucraniano especializa-se, maioritariamente, na produção de bens agrícolas, explicando a subida crescente do preço dos cereais nos mercados internacionais.A invasão russa destruiu terrenos vastos utilizados para a produção de bens alimentares, implicando a escassez na oferta deste tipo de bens.  

Em termos económicos, uma taxa de inflação exageradamente alta, associada a taxas de juros elevadas de política monetária, instituídas pelo BCE, irá contrair o consumo e, por isso, o produto interno bruto português. Deste modo, o choque adverso do lado da oferta provocará uma retração da procura agregada.

Taxas de inflação relativamente elevadas também estão associadas a perdas de competitividade externa, o que se reflete na deterioração da balança de bens e serviços – exportações líquidas de importações.

No entanto, é de se notar que a exportação de serviços portugueses registou um aumento considerável, desde o início do presente ano, de acordo com o Boletim Económico Português, apesar de as exportações de outros tipos de bens terem um crescimento menos acentuado do que em 2021. 

O consumo vê-se contraído com o aumento da taxa de inflação, embora o Boletim Económico Português, de março de 2022, constate um aumento do rendimento  disponível nominal, por parte dos indivíduos (3,6%), em termos reais, isto é, deflacionando esta grandeza, o rendimento disponível real prevê um decréscimo nos próximos dois anos, resultante de taxas de inflação excessivamente altas.  

Ao nível da poupança, devido à descredibilização do sistema financeiro e bancário, associado ao conflito geopolítico vivido, espera-se que a taxa de poupança média prolongue a tendência de 2020, isto é, de decrescer.

No que toca ao investimento, prevê-se um dinamismo acentuado, dadas as condições favoráveis de financiamento junto do Banco Central, o que poderá indiciar um reequilíbrio económico, pelo lado da procura.

Autora: Bárbara Vieira e Costa

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