O cofundador e presidente da empresa chinesa NIO ($NIO), Lihong Qin, declarou que a empresa irá anunciar os seus planos de expansão para a Europa muito brevemente, prevendo que ocorra entre os dias 6 e 7 de maio. Está previsto que a Noruega seja o primeiro país para a entrada da empresa no mercado europeu.
A NIO é uma fabricante chinesa de carros elétricos que, até ao momento, opera apenas no mercado doméstico. No entanto, pretende competir globalmente no segmento de carros de alta tecnologia e, portanto, os seus planos de expansão não são uma estratégia recente da empresa. Em geral, a China sempre procurou construir uma indústria automóvel com potencial para estar presente no mercado mundial e, por isso, os produtores de veículos elétricos pretendem também cumprir com essa ambição.
Frequentemente, a NIO é reconhecida por ser “a Tesla da China”. No entanto, não se deixe enganar. A expressão não se refere, de todo, à marca, como uma cópia barata da tecnologia ocidental. De facto, a sua tecnologia de ponta poderá trazer uma alta competitividade para as suas rivais. A empresa é designada desta maneira por duas razões: a primeira, por também se focar na produção de veículos elétricos, e a segunda, por batalhar diariamente por financiamento para desenvolver nova tecnologia e, assim, adquirir uma forte posição no mercado.
A segunda razão é o que igualmente motiva a empresa a expandir-se globalmente. Numa entrevista à Automative News Europe, o presidente da NIO afirmou: “Para ser rentável, a empresa necessita de vendas fora da China, incluindo na Europa.” Desta forma, não estando satisfeita com o sucesso no mercado doméstico, a empresa pretende implementar os seus planos de expansão mais rapidamente do que o esperado. O CEO da empresa, William Li, prevê introduzir os primeiros veículos na Europa até ao fim deste ano e crescer para outros mercados internacionais em 2022.
Mas, então, porquê a Europa? E, mais especificamente, porquê a Noruega? Em boa verdade, há um grande consenso na Europa em relação à importância da transição para veículos elétricos e, por isso, a proporção de vendas desses carros tem apresentado um crescimento bastante elevado. Para além disso, a regulação quanto a este setor é bastante favorável e similar à que vigora na China. A Noruega é o país com maior adesão ao consumo de veículos elétricos, onde as vendas representam mais de 50% das vendas totais de veículos. Por esta razão, a NIO pretende, por agora, construir o primeiro e maior showroom em Oslo.
No entanto, a empresa chinesa reconhece os desafios que o mercado europeu proporcionará e que necessitam de ser abordados para uma expansão com sucesso. Entre outras, encontra-se a diversidade de culturas e consequente distinção entre estratégias de marketing, a competição por quota de mercado com as empresas rivais, nomeadamente, a Tesla ($TSLA), a Volkswagen ($VOW) e a Renault ($RNO), e o facto de os consumidores serem leais às marcas já presentes no mercado.
Por outro lado, a NIO acarreta alguns elementos diferenciadores que podem proporcionar vantagem competitiva no mercado europeu. O “One-Click for Power” é um serviço da NIO bastante útil quando, por exemplo, se encontra preso no trânsito. Se o seu carro estiver quase descarregado, uma carrinha pronta para ir ao seu encontro e carregar a sua bateria, está à distância de um clique. Algo ainda mais interessante e apelativo será a componente “Battery as a service option”. Desta forma, os consumidores podem comprar o veículo sem a bateria (o que os torna mais baratos) e, simultaneamente, pagar um aluguer mensal para a bateria.
Desta forma, podemos averiguar que o sucesso de entrada da NIO no mercado europeu irá depender da sua estratégia para convencer os consumidores a compreender a sua marca e aquilo que ela lhes poderá providenciar e, assim, conseguir ganhar a corrida pela quota de mercado.
Autor: Tiago Leite