Apesar de Christine Lagarde insistir que a subida da inflação será apenas temporária, os mercados financeiros estão a antecipar uma primeira subida das taxas de juro.
No comunicado divulgado pelo Banco Central Europeu (BCE) no final do mês de outubro, o BCE afirmou que é possível que a taxa de inflação supere a meta de 2%, permanecendo elevada mais tempo do que o previsto apesar de ser apenas por um período “transitório”.
A taxa de inflação na zona euro atingiu os 3,4% em setembro, valor máximo dos últimos 13 anos. A inflação subjacente (core), que exclui produtos alimentares não transformados e produtos energéticos, aumentou para 1,9% face aos 1,6% de agosto.
Muitos analistas consideram que este aumento não será temporário, devido a constrangimentos nas cadeias de produção, aumento do preço das matérias primas e dos preços do petróleo.
Perante um cenário como este, a estratégia definida pelo BCE seria questionada. O banco central definiu que o programa de compras de dívida irá decorrer pelo menos até março de 2022, especificamente o PEPP, programa de emergência que foi lançado em resposta à pandemia de Covid-19, e apenas em 2023 uma possível subida dos juros.
“O Conselho do BCE continua a acreditar que as condições de financiamento favoráveis podem ser asseguradas com um ritmo moderadamente mais lento de compras líquidas de ativos, ao abrigo do PEPP, em comparação com o segundo e terceiro trimestre deste ano”, pode ler-se no comunicado divulgado pelo Banco Central.
Os mercados financeiros já esperavam que o Banco Central Europeu (BCE) subisse as taxas de juro antes do final do próximo ano, em dezembro de 2022, mas com a subida da inflação há uma aposta de que esse momento irá verificar-se em outubro de 2022.
De acordo com a Bloomberg, as cotações de mercado indicam para um aumento de 20 pontos-base na taxa de juro dos depósitos em outubro de 2022.
A alteração da política do BCE , com uma subida antecipada das taxas de juro, iria ter um impacto negativo não só nos encargos da dívida pública, como também nas amortizações dos empréstimos das famílias e empresas.
Autora: Maria Resendes