Mercado das IPOs atinge recorde de 350 mil milhões

A competição entre as empresas no acesso aos mercados públicos tem sido algo como nunca antes visto, ao lucrarem com os preços recordes que se têm vindo a observar nas ações.
“Foi o trimestre mais movimentado para o mercado das IPOs em mais de duas décadas, um recorde que acabou de ser quebrado no último trimestre, bem como o segundo maior trimestre em receitas de todos os tempos”.

De acordo com dados recolhidos pela Bloomberg, no primeiro semestre de 2021 foi levantado um recorde histórico de 350 mil milhões de dólares nas ofertas públicas iniciais (IPOs), ultrapassando o máximo anterior de 282 mil milhões de dólares, correspondente ao segundo semestre de 2020.

“Os mercados de Nova York a Hong Kong estavam em grande no primeiro semestre deste ano e até deixaram a era das dotcom do final dos anos 90 no espelho retrovisor”, afirmou Aaron Arth, diretor do grupo financeiro da Goldman Sachs na Ásia, ex-Japão. Uma empresa dotcom é uma organização cujo seu modelo de negócio é conduzido essencialmente pela Internet, por meio de um site.

Dos mais variados ramos e modelos de negócio de cada empresa, a verdade é que todas elas venderam ações este ano, sendo a tecnologia apontada como a principal responsável deste boom. Este boom foi sustentado por um package de dinheiro injetado pelos bancos centrais para a economia e também por um crescimento de investidores individuais, desejosos por ter um pedaço do bolo das suas empresas favoritas. 

“Com as taxas (de juros) onde estão, as oportunidades nos mercados têm sido fantásticas”, afirmou Kevin Mahoney, que lidera as práticas de banco de investimento na empresa Bay Street Advisors, em Nova York. “Há muitas atividades para as quais os bancos, francamente, não estavam preparados.”

No entanto, com tantas empresas a entrarem nesta competição, o setor já começa a ficar saturado. Os investidores têm-se mostrado mais obstinados em pagar “avaliações exorbitantes” exigidas pelas empresas em grande crescimento, que “povoam o mercado de IPOs”. Como consequência, ações de várias empresas que à partida tinham tudo para o sucesso começaram a cair e a ficar muito aquém  nas suas estreias no mercado (como o caso da Deliveroo, que caiu cerca de 30% em relação ao preço de emissão, o que desvalorizou a sua avaliação em cerca de 2 mil milhões de libras). 

“Tem havido um certo nível de exaustão entre os investidores e uma maior seletividade”, disse Saadi Soudavar, co-diretor dos mercados de capitais para a Europa, Médio Oriente e África do Deutsche Bank. 

O interesse dos investidores pelas SPACs também já é algo que tem vindo a diminuir, apesar deste tipo de listagem já ter inundado o mercado no início deste ano. Atualmente, a sua participação desceu até cerca de 13%.

De acordo com Rob Leach, diretor europeu dos mercados de capitais do Jefferies Financial Group, enquanto o mercado de ações estiver em grande e a crescer, é bastante improvável que este boom de IPOs diminua, pelo menos, nos próximos 6 meses.

Autor: Margarida Fernandes   

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