São mais de três mil as criptomoedas que colapsaram no ano de 2021, de acordo com o site CoinGecko. A capitalização de mercado do mundo cripto desceu 1,5 triliões em 2022.
Até ao momento, a Three Arrows Capital, a Alameda Research, a Voyager Digital, a FTX e a Celsius Network interromperam as transações de clientes ou entraram com um pedido de falência após serem incapazes de continuar as suas operações.
A Genesis Trading é a mais recente empresa a apresentar um pedido de proteção contra falência, com números a rondar os 5 mil milhões em termos de passivo.
Apesar deste panorama, a Bitcoin e outros tokens têm apresentado resultados positivos. No último mês, a Bitcoin subiu quase 35%.
1. O que aconteceu à Genesis?
A Genesis Global Holdco e duas das suas subsidiárias de empréstimos citaram a desaceleração do mercado de criptomoedas e as falhas de outras grandes empresas do setor como principal razão para o perigo de falência.
Está assim aberto um período de reestruturação financeira na empresa para evitar a decretação de falência, numa tentativa de salvar milhares de credores. Sem a Genesis, os mercados cripto perderam uma importante fonte de liquidez que poderá rapidamente multiplicar a cadeia de credores.
As três entidades da Genesis são da propriedade do Digital Currency Group (DCG), um conglomerado de empresas no mundo das criptomoedas, dirigido por Barry Silbert. Além da Genesis, a DCG é proprietária da plataforma de criptomoedas CoinDesk e a sua entidade Grayscale gere o Grayscale Bitcoin Trust de US$ 13,3 mil milhões (ticker: $GBTC), o maior fundo Bitcoin negociado publicamente.
A Genesis também tem negócios de derivados financeiros que não foram afetados pela falência do seu negócio de empréstimos de criptomoedas, que congelou as operações em novembro após a implosão da plataforma cripto FTX.
De acordo com o site da empresa e com os dados mais recentes, a empresa apresentou um total de 8,4 mil milhões de dólares em empréstimos no terceiro trimestre de 2022. O volume do mercado de derivados (que inclui opções e futuros) supera os 18 mil milhões de dólares.
2. Novos desenvolvimentos
O pedido de falência não foi um choque para os mercados, mas pode enviar mais ondas de choque ao ecossistema de criptomoedas.
“A falência da Genesis é um negócio ainda maior do que a FTX”, diz John Wu, presidente da Ava Labs, que ajudou a desenvolver a blockchain Avalanche. “A Genesis foi o maior e último grande credor neste espaço.”
A falência do seu negócio de empréstimos agora deverá impulsionar outra participação por meio de produtos de alto rendimento (numa tentativa de compensar rápido as perdas), que foram o motivo pelo qual alguns investidores entraram no mercado de criptomoedas.
Os credores da Genesis, dependendo do corte que aceitarem, podem agora reduzir os seus negócios se não conseguirem recuperar os fundos por meio do processo de falência.
Ainda não está claro se a falência da Genesis afetará outros negócios da DCG, como a Grayscale. O GBTC é o maior fundo de investimento em Bitcoin do mundo, e a empresa tenta há anos obter a aprovação da SEC para convertê-lo num fundo negociado em bolsa. O fundo é negociado com um desconto de 40% em relação ao valor de seu Bitcoin subjacente e alguns investidores do GBTC há muito tentam fazer com que o DCG feche a lacuna por meio de uma oferta pública de ações ou outros meios.
O pedido de falência da Genesis “não afetará a operação dos negócios da Grayscale nem nenhum dos produtos da Grayscale, incluindo o GBTC”, disse a Grayscale num comunicado.
A DCG disse que deve à Genesis US$ 523 milhões com vencimento em maio de 2023 e US$ 1,1 mil milhões numa nota com vencimento em junho de 2032.
“A DCG pretende cumprir plenamente as suas obrigações com a Genesis Capital no decorrer de uma reestruturação”, disse a empresa.
João Vigário, 21 anos, natural de Lisboa. Licenciado em Gestão e Administração de Empresas na Católica Lisbon of Business and Economics. Apaixonado pela área das finanças, investimentos e análise de empresas. O seu primeiro passo para continuar a incentivar este gosto foi a junção à MeuCapital, onde já escreveu mais de 50 artigos.
