Jeff Bezos na sua carta final como CEO da Amazon incentiva a distinção

O fundador da Amazon, Jeff Bezos, está de saída do cargo de CEO e, numa carta final dirigida aos acionistas da empresa, deixa um último conselho: mantenham a vossa “distinção”.

“Todos nós sabemos que a distinção – originalidade – é valiosa”, escreveu Bezos. “Todos somos ensinados a sermos nós mesmos. O que eu realmente vos estou a pedir é que compreendam e sejam realistas sobre a energia que é necessário despender para manter essa distinção. O mundo quer que sejam neutros, de mil maneiras – não deixe isso acontecer.”

Para ilustrar seu ponto de vista, Bezos incluiu uma passagem do livro “The Blind Watchmaker: Why the Evidence of Evolution Reveals a Universe without Design” de Richard Dawkins. O livro, que retrata factos básicos da biologia, foi utilizado por Bezos para ensinar uma “última coisa de extrema importância”, acrescentando a seguinte citação:  

“Adiar a morte é uma coisa para a qual vocês têm de trabalhar. Abandonado a si mesmo – e assim é quando morre – o corpo tende a voltar a um estado de equilíbrio com o meio ambiente … O corpo costuma ser mais quente que o ambiente e para isso acontecer, em especial em climas frios, precisa trabalhar duro para manter o diferencial. Quando morremos, o trabalho pára …. se os seres vivos não funcionassem ativamente para evitá-lo, acabariam por se fundir com o ambiente e deixar de existir como seres autônomos.”

Embora Bezos não considere a citação uma metáfora, escreve que “ela é fantástica e muito relevante para a Amazon. Eu diria que é relevante para todas as empresas e instituições e para cada uma das nossas vidas individuais também.”  Porque embora seja necessário “trabalhar duro continuamente” para “manter a nossa distinção”, tudo isso “vale a pena”.

“A versão de conto de fadas do ‘seja você mesmo’ é a de que toda a dor acaba assim permitimos que a nossa distinção brilhe. Essa versão é em certa medida enganosa. Ser você mesmo vale a pena, mas não espere que seja fácil ou grátis”, escreveu Bezos.

Usando ainda a citação do livro, numa relação mais direta com a Amazon, Bezos acrescentou que “o mundo sempre tentará tornar a Amazon comum e neutra – para nos colocar em equilíbrio com nosso meio ambiente. Vai exigir um esforço contínuo, mas podemos e devemos ser melhores do que isso.”

Nesta sua última carta, Jeff Bezos negou ainda as críticas que têm sido dirigidas à empresa sobre a forma como trata os seus funcionários. “São permitidas pausas informais entre turnos para esticar as pernas, beber água, descansar e falar com superiores hierárquicos. Não estabelecemos metas de desempenho que não sejam razoáveis”, acrescentando  que a Amazon “se destacou por aumentar o salário mínimo para 15 dólares por hora há dois anos e meio”.

Jeff Bezos anunciou em fevereiro que deixará o cargo de CEO da Amazon, passando a ocupar o cargo de Presidente Executivo do Conselho de Administração da empresa; será Andy Jassy, que transformou a Amazon Web Services, ou AWS, num negócio multimilionário, o seu sucessor.

Autor: Fábio Lopes

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