Dois irmãos, de origem sul-africana, alegadamente, fugiram com 69.000 Bitcoins (aproximadamente 3.6 mil milhões de dólares), provenientes da sua plataforma de investimento em criptomoedas.
Os advogados que constituem a equipa jurídica que defende os lesados (antigos investidores da plataforma) alegam não terem meios para localizar os irmãos e reportaram a ocorrência para os Hawks, uma polícia de elite sul-africana especializada.
Os primeiros sinais que demonstravam que algo de errado se passava começaram a ser visíveis em abril, na altura em que a Bitcoin se encontrava em valores recorde. O Chief Operating Officer (COO) da Africrypt, Ameer Cajee, e também o mais velho dos dois irmãos, informou os clientes que a empresa havia sido vítima de um ataque informático. Este pediu aos seus clientes que não reportassem a ocorrência às autoridades competentes nem a advogados, com a justificação de que tal ato atrasaria o processo de recuperação dos fundos perdidos.
No entanto, os investidores mais céticos acabaram por colocar a firma de advogados Hanekom Attorneys ao barulho, enquanto outros preferiram iniciar um processo de liquidação.
“Suspeitamos imediatamente após ver que o anúncio oficial da Africrypt implorava aos seus investidores para não tomarem uma ação jurídica”, afirma a Hanekom Attorneys. “Os funcionários da Africrypt perderam acesso às plataformas de back-end sete dias antes do alegado ataque”.
A investigação feita pela firma de advogados revelou que os fundos agregados na Africrypt foram transferidos das suas contas no país e das carteiras dos clientes e, através de mecanismos intermediários, ficaram impossíveis de localizar.
O governo sul-africano está a desenvolver uma regulação mais apertada no que toca a transações de criptomoedas.
Ambos os jovens irmãos, Ameer, de 20 anos de idade, e Raees com 17 estão incontactáveis e o site da empresa, criada em 2019, está inativo.
Toda esta história se desenrolou após o colapso de outra plataforma de trading de Bitcoin sul-africana, Mirror Trading International, que culminou com o desaparecimento de cerca de 23.000 moedas de Bitcoin, e que ficou conhecida como a maior fraude envolvendo criptomoedas do ano de 2020, segundo um relatório da Chainalysis.
Enquanto a autoridade reguladora de serviços financeiros sul-africana (FSCA) analisa o caso da Africrypt, não pode ser feita uma investigação formal porque os ativos de criptomoedas não são legalmente considerados produtos financeiros no país.
Autor: Gil Neto