Importações americanas presas em cargueiros na costa de Los Angeles

O cargueiro que bloqueou o Canal do Suez, provocando um elevado engarrafamento e prejuízos avultados devido aos inúmeros atrasos das mercadorias transportadas para os diversos países, foi finalmente libertado na última segunda-feira (dia 29 de março), seis dias depois do incidente.

À semelhança deste acontecimento, existe outro enorme congestionamento de cargueiros, desta vez nos portos de Los Angeles e Long Beach, onde dezenas de milhares de contentores estão com mercadorias paradas nos navios, no valor de milhões de dólares.

Nesta última segunda-feira, registaram-se 24 navios que tiveram de ancorar ao largo da costa de Los Angeles e Long Beach, à espera de descarregar os seus contentores, de acordo com a Marine Exchange of Southern California. Estes 24 navios têm uma capacidade combinada de quase 10 vezes mais do que o navio que bloqueou o Canal do Suez.

Parte deste constrangimento deveu-se à tomada de decisão por parte das empresas americanas no reforço dos seus inventários no final do ano passado, devido à elevada procura de bens nos primeiros meses da pandemia.

Estas importações de mercadoria caracterizam-se por serem principalmente máquinas de lavar roupa, equipamento médico, bens electrónicos, produtos de cuidado pessoal entre outros, que perfazem dezenas de milhares de dólares em importações.

Os portos de Los Angeles e Long Beach, em conjunto, lidam com mais de um terço das importações de contentores nos EUA. Em janeiro deste ano, mais de um quarto dos contentores importados teve que esperar mais de cinco dias para serem descarregados e manuseados, de acordo com a Pacific Merchant Shipping Association. Comparando com o mesmo mês do ano anterior, só 2% dos contentores tiveram que esperar este tempo.

Estes mesmos portos continuam a trabalhar sobre os contentores que estão atrasados desde o ano passado, muito devido a um aumento súbito do comércio marítimo e de uma redução temporária na capacidade de funcionamento nas áreas dos transportes e logística dos portos.

De acordo com o diretor executivo da Marine Exchange of Southern California, Kip Louttit, em situações normais, os navios de carga raramente ancoram. Contudo, nos últimos meses, os EUA têm aumentado as suas importações provenientes dos seus parceiros comerciais, registando-se um recorde de 219,86 mil milhões de dólares em janeiro de 2021, numa base sazonal ajustada. Esta situação provocou um aumento substancial no tráfego comercial por via marítima.

Em fevereiro de 2021, chegaram aos dois portos 177 navios com mais de 800 mil contentores, o que representa mais de 31% de navios e mais 49% de contentores, em  período homólogo.

Todos estes acontecimentos não só revelam que as cadeias de abastecimento são bastante frágeis, como também explicam o motivo das empresas norte-americanas se encontrarem com dificuldades em recuperar, um ano depois do início da pandemia, mesmo com sinais visíveis de recuperação económica nos últimos meses nos EUA.

Autor: João Melo

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