Guia Completo para cálculo de Free Cash Flows

Os Free Cash Flows (FCF, sigla em inglês para Fluxos de Caixa Livres) constituem um indicador financeiro fundamental que mede a quantidade de dinheiro que uma empresa tem disponível para uso em investimentos, pagamento de dívidas e outras atividades financeiras.

Esta métrica financeira é calculada através da diferença entre os fluxos de caixa de uma empresa e representa o dinheiro que sobra depois da empresa pagar os seus gastos operacionais e de capital.

Usemos o exemplo da Tesla para perceber como o FCF é de extrema importância por vários motivos. Serão aqui expostas as cinco principais razões pela qual é importante ter FCF em uma empresa:

1. Pagar dívidas

Os FCF pode ser usado para pagar dívidas e reduzir o endividamento da empresa. Assim, este indicador financeiro pode ajudar a melhorar a saúde financeira da empresa e aumentar a confiança dos investidores.

2. Realizar aquisições

Os FCF pode ser usado para adquirir outras empresas ou ativos, o que pode ajudar a expandir o negócio e aumentar o valor para os acionistas.

3. Reinvestir

A empresa pode usar os FCF para reinvestir no seu próprio negócio, tal como em novas tecnologias ou ampliar a produção. Deste modo, estaremos a promover o crescimento a longo prazo.

4. Comprar ações de volta (“Shares buyback”)

Os FCF também pode ser usado para comprar ações de volta, o que pode aumentar o valor das ações restantes e aumentar o valor para os acionistas.

5. Pagar dividendos

A empresa também pode usar os FCF para pagar dividendos aos acionistas, o que pode aumentar o valor das ações ao longo do tempo.

 

Como calcular?

Para calcular os fluxos de caixa livres (FCF) da Tesla no terceiro trimestre de 2022, precisaremos de alguns dados financeiros da empresa. 

Em particular, o que foi gerado em caixa através das operações da empresa (Cash from Operations) e dos gastos de capital da empresa (Capital Expenditures / CapEx).

Primeiro, como chegamos ao valor de “Cash from Operations”?

O fluxo de caixa operacional (FCO) é o primeiro grupo de contas da Demonstração de Fluxos de Caixa. É utilizado para representar todas as entradas e saídas monetárias referentes às operações e atividades regulares da empresa. Ou seja, o fluxo de caixa operacional é composto por: receita de vendas, custos de produção, salários, entre outros.

Vejamos o exemplo das contas do terceiro trimestre de 2022 para a Tesla:

Para chegar ao fluxo de caixa operacional partimos do lucro líquido da empresa ou lucro depois de impostos. Começamos por somar depreciações, amortizações e imparidades porque estes parâmetros financeiros são gastos devido à obsolescência dos nossos itens de inventário, representando uma diminuição da utilidade ou do valor de um ativo. Estas são despesas não monetárias – não resultam de nenhuma saída de caixa (significando apenas que o ativo não vale tanto quanto costumava ser) – por isso, temos de as adicionar novamente.

Quando uma empresa regista despesas de compensação baseadas em ações (“Stock-based compensation”), não há uma saída de caixa real. A empresa na verdade não credita caixa para financiar a despesa da opção de ações. Em vez disso, a empresa financia a despesa da opção de ações emitindo mais ações ordinárias.

O padrão aqui é somar todas as transações em que não houve saídas de caixas para percebermos a quantidade de dinheiro que a empresa tem disponível provenientes das suas operações – neste caso, chegamos a um total de 5,100 milhões de dólares (aproximadamente, 5.1 mil milhões de dólares). A Tesla optou por não especificar nos seus reportes financeiros as atividades que representam os 220 milhões que vemos na antepenúltima linha a conta do fim da tabela. (“Other”)

Notas sobre “Changes in operating assets and liabilities, net of effect of business combinations”: Importa referir que, por exemplo, quando a empresa tem uma variação positiva nos seus ativos, então temos que diminuir o nosso fluxo de caixa operacional – este dinheiro já não está disponível porque foi consumido. (estamos a tratar dinheiro que já foi utilizado)

Vamos então ao segundo passo: o que são “Capital Expenditures”?

CapEX são despesas de capital que podem ser encontradas nos fluxos de caixa relacionados com investimentos, tal como no caso da Tesla. (ver imagem anterior)

São constituídas através do dinheiro que uma empresa ou entidade corporativa gasta para comprar, manter ou melhorar (por exemplo, a capacidade) dos seus ativos fixos, como edifícios, veículos, equipamentos ou terrenos.

Este conceito retrata tudo o que a empresa retirou de caixa para investir no seu crescimento, vejamos alguns exemplos:

  1. Compra de equipamentos, como máquinas, computadores e outros equipamentos de produção ou escritório
  2. Construção ou compra de edifícios ou outras propriedades
  3. Compra de veículos, como camiões ou carros
  4. Desenvolvimento de novas tecnologias ou produtos
  5. Investimento em infraestrutura, como redes de energia, água ou telecomunicações

O CAPEX também pode incluir ativos intangíveis, como patentes e licenças. Além disso, há casos em que pesquisa e desenvolvimento (R&D) podem ser considerados CAPEX. Diferentes indústrias irão exigir diferentes níveis de investimento de capital.

Assim:

Free Cash Flow = Cash from Operations – CapEx

Sabendo esta fórmula, chegamos a um resultado final de 5,100 – 1,803 = 3,297 milhões de dólares (aproximadamente, 3.3 mil milhões de dólares)

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