Depois de na semana passada ter voltado a atingir um território positivo, pela primeira vez desde novembro de 2015, a Euribor fechou a semana com um valor recorde dos últimos 7 anos – atingiu os 0,083%, mais 0,020 pontos que no dia anterior. No início da semana a Euribor a 6 meses voltou a crescer, ultrapassando até os 0,1%, fixando-se nos 0,108%, um aumento de 0,025 pontos relativamente à última sexta-feira.
A principal causa desta subida contínua das Euribor deve-se às expectativas de que o BCE inverta a sua política monetária, aumentando as taxas de juro de referência da Zona Euro, como forma de combater a inflação.
A Euribor a 6 meses reflete-se de importância capital para as famílias portuguesas, pois é tida em conta em muitos dos créditos à habitação que dispõem de taxa variável, ou seja, muitas das famílias portuguesas verão a sua prestação mensal continuar a aumentar. No início do ano, a taxa Euribor a 6 meses era -0,546%, estando agora previsto uma continuação da sua subida, afastando-se cada vez mais dos terrenos negativos.
Impacto da subida das Euribor a 6 meses nas famílias portuguesas
Depois de tempos em que, com taxas negativas, as condições para créditos eram favoráveis, agora vivem-se tempos mais complicados com as perspetivas contínuas de subida das Euribor. Com isto, é importante referir as consequências e o impacto desta subida na vida das famílias portuguesas.
Em casos em que os créditos são realizados a uma taxa fixa, os valores das mensalidades não são alterados pelas variações da Euribor. No entanto, mais de 90% das famílias portuguesas possuem empréstimos à habitação com taxas variáveis, que dependem muito do comportamento das Euribor.
Recorrendo a um simulador para prever os impactos decorrentes das variações taxa Euribor a 6 meses, observa-se que uma família que detenha uma dívida ao banco de 50.000€ a amortizar em 20 anos (240 prestações) e com um spread de 1%, pagava com uma taxa a 6 meses nula cerca de 230€, mas se esta taxa atingir 1,5% passará a pagar 265€. Trata-se, portanto, de uma subida de 35€ por mês, numa das despesas mais necessárias. Se acontecer um caso extremo, em que a Euribor a 6 meses alcance os 4% a mensalidade ao banco atingirá os 330€, um aumento de 43,5%.
Referindo-se a montantes de crédito mais elevados, o economista Nuno Rico afirma que “No caso de um financiamento de 200 mil euros, se a Euribor atingir 1%, estamos a falar de mais 110 euros por mês. Se atingir os 2%, estamos a falar de mais 200 euros todos os meses. Para ter uma ideia, uma prestação de 630 euros passa para 840 euros. É um valor muito significativo“.
Estas variações podem se tornar críticas para muitas famílias portuguesas e impossibilitar a manutenção do crédito à habitação, levando-as até à entrega da sua habitação ao banco. A própria OCDE afirma que existe uma alta probabilidade de que as famílias portuguesas entrem em incumprimento. Somando isto com a inflação que assola todo o mundo, derivado à pandemia e à guerra na Ucrânia, conclui-se que o poder de compra das famílias portuguesas poderá ser significativamente afetado durante os próximos tempos.
Autor: Mário Costa