Ethereum, a rainha da antifragilidade

Todos sabemos o que é algo frágil: um copo de vidro, por exemplo, que parte com facilidade. Mas e o que será o oposto de frágil? Tendemos a pensar em algo robusto: um copo de plástico, talvez, que pode cair ao chão e já não parte ou, pelo menos, já aguenta mais algum impacto. Mas, o oposto de frágil não pode ser robusto porque, utilizando o mesmo exemplo, o copo de plástico não se fortalece à medida que é colocado à prova com sucessivos impactos – ele vai perdendo propriedades e acabará por ceder!

Antifrágil: um novo conceito emerge

Assim, tal como nos refere Nassim Taleb num dos seus livros, surge um novo conceito: o antifrágil, palavra utilizada para descrever o conceito de algo que, sujeito a stress de várias magnitudes, sai desses desafios não apenas igual, mas mais forte, renovado e melhorado! Segundo Taleb, no seu livro “Antifrágil“, podemos recorrer à mitologia grega para encontrar a Hidra, uma criatura com várias cabeças de serpente a quem podia ser infligido o dano de lhe cortarem uma cabeça que nasceriam duas no seu lugar! A Hidra é, por isso, um exemplo de algo antifrágil, algo que beneficia com a agressão. 

A Bitcoin é, claramente, um ativo que já deu provas de ser antifrágil uma vez que, ao longo de mais de 13 anos, teve dois inflations bugs, foi usado na dark web e ficou conotado como algo que apenas servia para comprar estupefacientes. Além disso, foi acusado de ser uma gigante bolha especulativa e não ter valor intrínseco e, mais recentemente, com a narrativa ambiental, foi (e é) encarado como altamente poluente dado o seu consumo de energia. E como saiu Bitcoin dessas acusações? Mais forte, mais robusta, enaltecida!

Tal é, que vejamos: ultrapassou esses defeitos no código, provou que apenas uma pequena percentagem da atividade “Cripto” é usada para fins ilícitos e demonstrou que a blockchain é o pior inimigo de um criminoso, dada a sua rastreabilidade. A Bitcoin demonstrou ter alto valor intrínseco pois, além de ter algumas das características atribuídas ao ouro, consegue ser ainda melhor pela sua rapidez e facilidade de se movimentar e, por fim, demonstrou que já utiliza uma considerável percentagem de energia renovável no seu processo de mineração. Além do mais, as pessoas vão, a seu tempo, entender que manter a segurança do nosso dinheiro nativamente digital tem o seu preço e que a energia gasta é que protege a rede, por exemplo, de um ataque de 51%! 

Voltemos ao protagonista deste artigo, a Ethereum – considerada ela a rainha da antifragilidade, e não a Bitcoin.

Provas de fogo

Se a Bitcoin foi alvo de ataques e peripécias, a rede Ethereum é como um carro em alta velocidade que precisa de trocar de pneus em andamento! Sim, parece impossível mas, de facto, a Ethereum tem resistido a pré-conceitos de ser um scam (com o seu expoente máximo nos so called maximalistas de Bitcoin) e aguentado a alta volatilidade inerente ao universo das criptomoedas e, mais recentemente, teve uma prova de fogo com o tão prometido e aguardado Merge. Até ver, a Ethereum tem saído mais forte agora que é environmental friendly e sendo que a transição foi suave. Por outro lado, as provações para a rede Ethereum ainda não terminaram: Ethereum é a coluna dorsal de  muitos projetos alicerçados on top of e isso é uma responsabilidade acrescida. Trata-se de um peso que se traduz na congestão da rede e em elevados custos das fees que ainda ecoam nas mentes (e nas wallets) daqueles que passaram pela experiência de gastar centenas de dólares para aprovar uma transação no último bull market.

Ethereum mantém a sombra de Vitalik (o fundador) que alguns consideram ser um fator de centralização, dada a influencia que tem no rumo desta blockchain. E, para estes desafios, a Ethereum já está a preparar uma potencial solução (digo potencial porque pode apenas mitigar o problema e não resolver), o  sharding, sendo que este vai “dividir a rede em múltiplas porções” chamadas de shards. Esta divisão vai tornar essas porções mais fáceis de gerir, melhorar a velocidade das transações e ainda reduzir o custo das mesmas. Além disso, também podemos dizer que aumenta a descentralização, dado que o sharding vai diminuir os custos de armazenamento da informação e reduzir o hardware necessário para “correr a rede”, logo, mais pessoas poderão participar. Adicionalmente, o sharding não é o único upgrade que está a ser preparado pelos developers, por isso, mais melhorias virão para responder aos atuais desafios.

O que não mata, torna mais forte

Em suma, a Bitcoin foi criada para ser dinheiro programável e, não obstante os desafios que já mencionei, mantém-se relativamente estática.

Já a Ethereum, blockchain do DeFi (Decentralized Finance) e dos NFTs, em virtude do dinamismo que lhe confere a sua linguagem turing complete, está, ela sim, a ser constantemente posta à prova.

Por ultrapassar tantas adversidades e beneficiar do caos, Ethereum merece o título de “Rainha da Antifragilidade”!

Disclaimer

Nada disto é aconselhamento financeiro. Estes artigos cingem-se apenas a oferecer aos leitores uma opinião baseada em experiência e conhecimento do mercado. Por isso, apelo a que façam sempre a vossa própria pesquisa e tomem as vossas próprias decisões. O mercado de criptomoedas é altamente volátil e muito imaturo pelo que devem ter isso em consideração na altura de tomar decisões de potenciais investimentos.

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