A política europeia em matéria de energia tem tido algumas divergências entre os diversos estados-membros após a invasão russa à Ucrânia.
A dependência energética perante a Rússia levou a Finlândia, Suécia e Polónia a optarem pela energia nuclear, ao passo que a Alemanha encerrou os seus últimos reatores.
Falamos portanto dos reatores Isar 2, Neckarwestheim 2 e a central de Emsland que chegaram,este sábado, ao fim de vida, três meses e meio mais tarde do que o previsto inicialmente.
Em 2011, após a catástrofe de Fukushima, a decisão do Governo da conservadora Ângela Merkel foi aprovada por ampla maioria no parlamento alemão – com 513 votos a favor e 79 contra -, mas a incerteza causada pela guerra na Ucrânia reacendeu o debate sobre uma forma de energia que, até hoje, gerava 5% da eletricidade consumida na Alemanha.
Cerca de duas dezenas de cientistas, entre os quais dois prémios Nobel, apelaram, na sexta-feira, à manutenção das três últimas centrais em funcionamento para atingir os objetivos climáticos, dado o aumento das emissões de dióxido de carbono (CO2) provocado pelo maior consumo de carvão no ano passado, enquanto uma sondagem encomendada pela televisão pública ARD revelou que 59% dos alemães rejeitam, atualmente, o abandono da energia nuclear.
Em sentido oposto…
Em sentido contrário, estão os três países mencionados acima ( Finlândia, Suécia e Polónia) que redobraram o compromisso com esta energia sob o pano de fundo da crise energética e da guerra na Ucrânia.
A Finlândia foi o primeiro país da União Europeia (UE) a aumentar a sua capacidade de geração de energia atómica após o acidente nuclear de Chernobyl (Ucrânia), a fim de reduzir a sua dependência energética da Rússia e de reduzir as emissões de dióxido de carbono (CO2).
Atualmente possui cinco reatores nucleares que geram cerca de 40% da eletricidade consumida no país. Quatro deles foram construídos na década de 1970 e o quinto, Olkiluoto 3, começou a produzir em plena capacidade na passada segunda-feira, tornando-se o mais potente da Europa, com os seus 1.600 MWe.
Na Suécia, o Governo de direita presidido pelo conservador Ulf Kristersson inverteu a política nuclear deste país nórdico, apostando pela primeira vez em décadas na construção de novos reatores, e apresentou ao parlamento, onde tem a maioria graças ao apoio da extrema direita, um projeto de lei que viabiliza esta medida.
O parlamento sueco tinha aprovado em 2010 o fim da moratória nuclear, embora tenha sido acordado que o número total de reatores não poderia exceder os 10 então ativos.
Contudo, tal medida deixou de ter efeito quando uma nova lei determinou o fim da limitação no número ou localização dos novos reatores, e estabelecendo um objetivo de começar a construir novos reatores a partir de 2026.
Paralelamente, a Polónia também anunciou a intenção de construir seis centrais nucleares no país, que atualmente não possui nenhum reator em operação, para garantir que, até ao final de 2040, 23% da sua energia provenha desta fonte.
Atualmente, 70% da sua matriz energética, que necessita de cerca de 33 Gigawatts (GW) por ano, depende do carvão, que é altamente poluente.
Para o ultraconservador Governo polaco, que durante anos favoreceu e subsidiou o setor mineiro, a opção nuclear é uma das mais práticas para ter uma fonte “limpa” que permite cumprir as exigências de Bruxelas e se aproximar da independência energética.
Francisco Castilho, 20 anos, natural de Coimbra. Atualmente frequenta o 2ºano da licenciatura em Gestão pela Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra (FEUC). Terminou recentemente um programa de embaixadores numa empresa de estratégia e marketing digital (Triber Academy), desempenhado a função de digital marketing copywriter. As áreas dos investimentos, finanças pessoais e análise fundamental de empresas são as que mais constam nos seus artigos e procura aprender mais com as diversas temáticas que surgirão na MeuCapital.