Se alguma vez se questionou a razão pela qual o nome do célebre CEO da Berkshire Hathaway ($BRK.B), Warren Buffett, é tão aclamado na Wall Street, a resposta está nos seus incríveis resultados na bolsa. Apesar das suas estratégias não serem infalíveis, Buffett obteve retornos a rondar os 20% anuais desde meados dos anos 60 do século passado, tendo conseguido bater o mercado de forma consistente. Neste artigo, fazemos uma abordagem geral às 10 empresas que constituem 85% do portefólio de Warren Buffett.
No total, estamos a falar de retornos na ordem dos 2.800.000%, o que se torna ainda mais inacreditável quando referimos que Buffett não fez nada que o investidor comum não possa fazer para obter estes valores astronómicos.
A sua estratégia passa por algo tão simples como escolher alguns setores e indústrias que lhe interessam, comprar empresas com vantagem de mercado inquestionável e, o mais importante, a chamada estratégia Buy and hold, que consiste em aguardar pacientemente durante longos períodos de tempo antes de vender.
Outra causa maioritária para o sucesso de Buffett é a concentração. Este acredita que a diversificação não é tão necessária quando se sabe o que se está a fazer. O seu portefólio, avaliado em 302 mil milhões de dólares, apresenta grande convergência, sendo alocado em 10 empresas que constituem 85% do portefólio de Warren Buffett, sendo estas:
- Apple: 115 mil milhões de dólares (38%)
A gigante tecnológica Apple ($AAPL) é responsável por cerca de 38% do portefólio da Berkshire Hathaway. Esta empresa dispensa grandes apresentações, tendo um dos brandings mais fortes do mundo. Apesar de ser a líder de vendas de smartphones nos Estados Unidos, tem agora tomado um rumo mais virado para os serviços, que ocupam uma percentagem cada vez maior do total de vendas. As decisões que levaram a esta alteração de rumo da marca foram tomadas pelo atual CEO Tim Cook, e permitirão eliminar parcialmente a flutuação nas receitas da empresa aquando do lançamento de novos produtos.
- Bank of America: 43,2 mil milhões de dólares (14%)
Ações de instituições bancárias têm sido um local de preferência para Buffett alocar o capital gerido pela Berkshire. O Bank of America ($BAC) representa 14% do seu portefólio. Este banco tem feito um trabalho notável no que toca a controlar as suas despesas não decorrentes de juros e investimento em digitalização. Para além disso, é um forte candidato a beneficiar de um eventual aumento nas taxas de juro norte-americanas.
- American Express: 24,9 mil milhões de dólares (8%)
A instituição financeira American Express ($AXP) já acompanha Buffett há cerca de 28 anos, sendo a terceira empresa que o investidor tem há mais tempo. Esta posição já rendeu à Berkshire Hathaway quase 25 mil milhões de dólares. Esta é considerada uma empresa cíclica que beneficia em grande parte dos momentos de expansão económica.
- Coca-Cola: 22,5 mil milhões de dólares (7%)
A produtora do mais famoso refrigerante do mundo, Coca-Cola ($KO), é a ação que há mais tempo pertence ao portefólio da Berkshire (33 anos). Esta empresa opera em todos os países do mundo, excetuando dois (Coreia do Norte e Cuba), e tem mais de 20 marcas, que no total geram vendas anuais na ordem do milhar de milhão de dólares. É também conhecida pela sua equipa de marketing de topo, cujos objetivos passam agora pelo marketing digital e embaixadores, tendo como público-alvo os mais jovens.
- Kraft Heinz: 14,1 mil milhões de dólares (5%)
Há poucas dúvidas que a Kraft Heinz ($KHC) é o intruso nesta lista. Isto porque o próprio Warren Buffett admite que a Heinz está a pagar demasiado pela Kraft Foods, pelo que as marcas combinadas foram obtendo um desempenho decrescente ao longo dos últimos anos. Apesar de a pandemia ter aumentado a procura por alimentos embalados, o balanço financeiro da empresa ainda apresenta altos valores de dívida. No fundo, a Berkshire Hathaway encontra-se de certa forma presa com as suas 325,6 milhões de ações desta empresa.
- Verizon Communications: 9,1 mil milhões de dólares (3%)
A gigante Verizon Communications ($VZ) opera no campo das telecomunicações, sendo uma aquisição relativamente recente de Buffett. A razão mais preponderante para a escolha desta empresa relaciona-se com o dividendo que esta paga (4,4%). Para além disso, é esperado que beneficie da aplicação da tecnologia 5G.
- U.S. Bancorp: 8,7 mil milhões de dólares (3%)
Esta é a segunda instituição bancária preferida de Warren Buffett. A U.S. Bancorp ($USB) tem apostado muito na sua digitalização, e com sucesso. A percentagem de utilizadores através do digital tem aumentado exponencialmente nos últimos dois anos e não apresenta sinais de diminuir.
- Moody’s: 8,5 mil milhões de dólares (3%)
A Moody’s ($MCO) é uma provedora de crédito e de analítica, cujas ações Buffett já detém há mais de duas décadas. Historicamente, baixas taxas de empréstimo mantêm o departamento de análise de crédito ocupado, enquanto épocas de alta volatilidade no mercado aumentam a procura pelos seus serviços analíticos.
- BYD: 6,2 mil milhões de dólares (2%)
A BYD ($BYDDY) é uma produtora de carros elétricos sediada na China. Buffett comprou pela primeira vez em 2008 a um preço de 1,03 dólares por ação. Na última semana, a ação fechou a sessão a 27,65 dólares. Com a Sociedade Chinesa de Engenheiros Automóveis a prever que metade dos carros novos vendidos em 2035 terão fontes energéticas alternativas aos combustíveis, a BYD apresenta margem para poder vir a ser a maior produtora automóvel do mundo.
- DaVita: 4,4 mil milhões de dólares (1%)
A DaVita ($DVA) é uma empresa que presta serviços hospitalares de diálise renal. Com o passar do tempo, o envelhecimento da população norte-americana, Buffett acredita que haverá um aumento da procura por serviços como este. Sendo o claro líder na indústria em que se insere, a DaVita tem um grande potencial de expandir a sua rede de serviços prestados a longo prazo.
Autor: Gil Neto
