Empresas petrolíferas reconsideraram as suas políticas climáticas

As crescentes críticas e intervenções, realizadas por parte de investidores e de grupos de ativistas ambientais, obrigaram as grandes empresas petrolíferas a reconsiderar as suas políticas ambientais e climáticas, que estão ainda aquém dos objetivos para a estabilidade da situação climática global. 

Com efeito, o relatório “net zero by 2050” da Agência Internacional de Energia (IEA), divulgado no início do mês de maio (2021), aponta que todos os novos projetos de combustíveis fósseis devem ser descontinuados se o mundo quiser limitar o aquecimento global a 1,5 graus celsius (ou 2,7 Fahrenheit). Ativistas acreditam que este relatório, juntamente com as revelações preocupantes nele apresentadas, incentivaram os acionistas a intensificarem o seu foco nas questões climáticas.

Para além disso, a Reclaim Finance, organização não governamental especialista em questões financeiras e climáticas, manifestou que as grandes empresas petrolíferas devem suspender todos os seus novos projetos de combustíveis fósseis, de acordo com as recomendações da IEA.

A Royal Dutch Shell ($RDS-B) foi a primeira grande petroleira a ser subjugada. Um tribunal holandês decidiu que a gigante anglo-holandesa deve aumentar rapidamente a taxa a que diminui as suas emissões de carbono. A empresa petrolífera deve reduzir as emissões em 45%, em relação aos níveis de 2019, até 2030.

Porém, a Shell tem intenções de recorrer da decisão do tribunal, “é necessária uma ação urgente em relação às mudanças climáticas, razão pela qual aceleramos os nossos esforços para nos tornarmos uma empresa de energia com net-zero emissions até 2050, em sintonia com a sociedade”, disse um porta-voz da Shell.

Em todo o caso, esta foi uma decisão jurídica histórica, que pode levar a julgamentos semelhantes no futuro e que desencadeou um conjunto de acontecimentos inéditos na indústria do petróleo. 

Por exemplo, os acionistas da Exxon Mobil Corporation ($XOM) foram contra a sua administração e apoiaram um grupo de investidores ativistas para eleger pelo menos dois novos membros do conselho, este grupo disse que o foco contínuo da empresa em combustíveis fósseis representa um “risco existencial” para a mesma. “A estratégia de transição energética da Exxon fica aquém do que é necessário para garantir a resiliência financeira da empresa numa economia de baixo carbono”, disse a BlackRock, uma das instituições por detrás do “golpe”. 

Darren Woods, presidente e chefe-executivo da Exxon, respondeu: “Ouvimos hoje os acionistas acerca do seu desejo de promover estes esforços e estamos bem posicionados para responder.”

Entretanto os acionistas da Chevron Corporation ($CVX), a segunda maior empresa de petróleo dos Estados Unidos, votaram a favor de uma resolução, pedindo que a petroleira reduza substancialmente as suas emissões.

Ativistas acreditam que, embora as principais petrolíferas europeias tenham assumido compromissos mais profundos relativamente aos seus pares nos Estados Unidos, estas ainda precisam de fazer mais:  A Greenpeace France, e outros grupos de ativistas, estão a pedir aos acionistas da Total SE ($TOT) que votem contra o seu novo projeto de petróleo. A Total é uma empresa francesa que também já se comprometeu a ser neutra em carbono até 2050, porém o novo projeto origina reações de descontentamento:

Estas ações, por parte de stakeholders, transmitem uma mensagem clara para as empresas, “é possível forçar práticas reais sobre o clima, se existir convicção e coragem por parte dos acionistas” disse Lucie Pinson, fundadora e diretora executiva do grupo de campanha Reclaim Finance.

Autora: Leonor Ramos

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