Empresas em dificuldades procuram salvar-se através do crowdfunding

Por esta altura, já todos estamos familiarizados com os efeitos nefastos da atual pandemia. O efeito paralisante que teve na economia obrigou muitos negócios a fechar portas e outros passam ainda momentos muito complicados. Os mesmos tiveram que se reinventar e, face à falta de faturação, há a necessidade de recorrer a capital alheio. Um dos métodos de financiamento que ganhou destaque foi o crowdfunding e o que dizem muitos especialistas é que pode de facto salvar muitas empresas, desde que estas executem campanhas eficientes. 

O crowdfunding regulado, onde as empresas angariam capital proveniente de investidores através de plataformas online monitorizadas pelo governo, cresceu rapidamente nos últimos dois anos, passando de aproximadamente 100 milhões de dólares em 2019 para mais de 200 milhões de dólares em 2020, de acordo com Chris Lustrino, fundador e CEO da empresa de análise e classificação de campanhas de crowdfunding designada por KingsCrowd. O mesmo acrescenta ainda que a marca de 200 milhões de dólares acumulada em 2021 já foi ultrapassada. 

“O COVID tem sido muitíssimo benéfico para este mercado”, diz Lustrino.

Quando a pandemia interrompeu as opções de financiamento tradicionais, os proprietários de pequenas empresas começaram a procurar fontes alternativas de financiamento, e isso abriu-os às ideias de crowdfunding e de capital como uma commodity, diz Lustrino.

Também os investidores se começaram a sentir mais confortáveis ​​com o crowdfunding durante a pandemia, acrescenta.

“Existem imensos investidores anjo (e investidores no geral) bastante céticos no que diz respeito a colocar dinheiro em empresas privadas online”, diz Lustrino. “Mas, de repente, esta era a única maneira de fazer negócio. E quase da noite para o dia houve uma adesão total por parte do mercado de investidores de retalho.”

Reabrir e reiniciar

Embora o crowdfunding seja frequentemente associado à obtenção de capital para novos negócios, meses de bloqueios e restrições fazem com que muitas empresas pequenas explorem o crowdfunding como forma de voltar a operar normalmente, de acordo com Sherwood Neiss, diretor da Crowdfund Capital Advisors.

“Muitos destes pequenos restaurantes, salões de beleza, etc, que lutaram durante a pandemia, recorrem agora aos seus clientes e dizem: “Preciso de 25.000 dólares, 50.000 dólares para reabrir, coloquem-nos em funcionamento’”, diz Neiss. “E os negócios estão a oferecer boas taxas, se pensarmos bem. 7%, 8%, 9%, o que é um rendimento saudável para um empréstimo de curto prazo, e o investidor não precisa de comprometer 25.000 dólares. ” O investimento médio são cerca de  700 dólares”, diz Sherwood Neiss.

Lustrino prevê que o interesse no crowdfunding e no ‘salvamento’ das empresas locais, ‘queridas por todos os vizinhos’, tenha efeitos a longo prazo no que toca ao modo como as empresas procuram financiamento.“ Assim que os fundadores da empresa e as pessoas que gerem pequenos negócios perceberem que este método pode realmente funcionar, tenho a sensação de que vão recorrer mais do que uma vez ao mesmo”, diz Lustrino.

3 segredos para uma campanha de crowdfunding eficaz 

O crowdfunding pode não ser uma boa opção para proprietários de pequenas empresas que se encontram restringidos em termos de tempo ou energia. No entanto, aquelas que lançam campanhas de crowdfunding voltadas para a recuperação, devem ter três coisas em mente, de acordo com os especialistas.

1. Encontrar um encaixe adequado. Uma empresa pode ter mais sucesso numa plataforma alinhada com sua missão e objetivos. Algumas plataformas de crowdfunding apoiam empresas em determinados setores; outras concentram-se no seu local geográfico ou em negócios de determinadas dimensões. “É importante observar quanto dinheiro estas empresas angariaram, para que se possa começar a ter uma noção do quão grande pode ser uma potencial base de investidores”, acrescenta Lustrino.

2. Não menosprezar o trabalho jurídico. “Não se trata apenas de pessoas que dão dinheiro para apoiar alguém ou algo como fazem no Kickstarter ou no GoFundMe”, diz Neiss. “Esta é uma atividade altamente regulamentada e supervisionada (pela Securities and Exchange Commission e pela Financial Industry Regulatory Authority)”. “É necessário informar devidamente os investidores sempre que exigido”. A ajuda de um advogado é sempre bem vinda, acrescenta.

3. Promover a campanha. “As campanhas que pouco, ou nada, investem em marketing, por norma, não chegam a lado nenhum.”, diz Neiss.

A alavancagem das redes sociais, o envio de e-mails e o recurso às promoções, através de QR codes com informações de campanha, por exemplo, são métodos bastante eficazes de acordo com os profissionais. “Já vi pessoas fazerem coisas realmente criativas, como participarem em eventos de gelados, se forem uma gelataria, convidando as pessoas a entrar e dizendo: ‘A propósito, é agora possível investir na nossa empresa’, diz Lustrino. As pessoas entram, ficam entusiasmadas em fazer parte do negócio e, talvez invistam 500 dólares a mais, porque ficam muito animadas quando chegam e percebem onde estão realmente a colocar o seu dinheiro.”

Histórias de como uma comunidade se juntou e salvou uma empresa, a troco de um potencial retorno financeiro podem ser atraentes para as firmas promoverem as suas campanhas junto do público, acrescenta Lustrino. 

Autor: Pedro Manuelito

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