Na passada terça-feira, o Fundo Monetário Internacional (FMI) anunciou um cenário muito sombrio para a economia mundial no próximo ano, fruto de uma expectável recessão em grande parte dos países e do risco avultado de o PIB global crescer menos de 2% em 2023.
Ainda que o crescimento do PIB mundial tenha sido de 6% em 2021, o FMI prevê que para 2022 e 2023, este seja de apenas 3,2% e 2,7% respetivamente. Excluindo a crise financeira de 2008 e o pico da pandemia em 2020, este é o “perfil de crescimento mais fraco desde 2001”, ano em que o PIB cresceu 2,5%.
Em análise ao crescimento da economia global, o FMI atribui uma probabilidade de 25% desta ficar abaixo dos 2% em 2023, previsão subjacente aos “desafios turbulentos”, “combate à crise do aumento dos custos de vida” e o “equilíbrio de risco claramente negativo” que o mundo enfrenta atualmente.
Face o contexto vivenciado, o FMI destaca que a evolução da economia global depende de forma crítica do “sucesso da calibração da política monetária, o curso da guerra na Ucrânia e a possibilidade de disrupções nas cadeias de abastecimento, por exemplo, na China”.
A organização refere que “o aperto célere e agressivo da política monetária é crítico para impedir uma alteração nas expectativas de inflação das famílias e empresas tendo em conta a atual experiência” de subida de preços, acrescentando que “a política orçamental é prioritária para proteger os mais vulneráveis através de apoios de curto prazo para aliviar o fardo do aumento do custo de vida que se está a ser sentido em todo o globo”.
A divergência entre as maiores economias resultante da política monetária implementada é algo que tem preocupado o FMI, uma vez que “conduzirá a uma maior apreciação do dólar e tensões entre países”. A acrescentar que choques adicionais nos preços da energia e alimentos levam a que a inflação persista em níveis elevados por mais tempo. O FMI estima que a inflação mundial vai disparar para 8,8% este ano, aliviando para 6,5% em 2023 e 4,1% em 2024.
No que diz respeito à economia portuguesa, o FMI prevê que esta tenha um crescimento de 0,7% em 2023. A confirmar-se, será pouco mais de metade da projeção que está subjacente à proposta de Orçamento do Estado que o Governo entregou esta semana na Assembleia da República – que é de 1,3%. Ainda assim, a previsão do FMI para o crescimento português é um pouco mais animadora do que a travagem a fundo que a economia da zona euro deverá ter: um crescimento de 0,5%, com países como a Alemanha e Itália em recessão.
Por fim, o FMI resume expressando-se que “o pior ainda está por vir. Para muitas pessoas, 2023 vai parecer uma recessão”.
Autor: Pedro Nunes