Quanto ao mundo criptográfico, não temos muitas referências conhecidas a nível nacional. É comum focarmo-nos muito mais no estrangeiro e em exemplos de personalidades como Elon Musk ou Vitalik Buterin.
Felizmente, este paradigma parece estar a mudar.
Diogo Mónica, doutor em Engenharia Informática no Instituto Superior Técnico em Lisboa e co-fundador da Anchorage, é a 53ª pessoa mais influente no mundo da criptografia em 2021. O ranking é elaborado pela Modern Consensus, uma plataforma dedicada a criptografia e blockchain.
Após se ter tornado mestre em Engenharia de Redes de Comunicação e Informação, Diogo partiu para os Estados Unidos, precisamente para o polo tecnológico de Silicon Valley. Em 2011, teve o seu primeiro grande desafio na Square ($SQ), uma empresa de comercialização de software e hardware de pagamento, direcionada para negócios de pequena dimensão.
Começou como designer de segurança, mas rapidamente acabou por assumir o cargo de líder desta equipa e conhecer Nathan McCauley, parceiro na posterior criação da Anchorage.
Em 2015, foi orador na Web Summit como chefe de segurança da Docker, empresa cujo produto assenta numa plataforma aberta para o desenvolvimento de aplicações.
No ano de 2017, surge finalmente o maior desafio da vida de Diogo Mónica, a parceria com o antigo colega Nathan McCauley, que resultaria na Anchorage, a fintech que serve como porta de entrada para os bancos entrarem no mundo das criptomoedas. De frisar que, esta empresa, foi a primeira instituição financeira regulamentada a nível federal nos Estados Unidos, para o efeito.
A aprovação, em janeiro, é uma das principais razões para a posição de Diogo no ranking, sendo classificada como um “enorme passo em frente para toda a indústria da moeda criptográfica”.
No fundo, o banco age como intermediário na compra e venda de criptomoedas, oferece serviços de reserva deste tipo de moeda e permite abrir contas de depósito a prazo, com um retorno de investimento em Bitcoin ($BTC) bastante interessante.
Desde o início do ano, passou pelas três séries de investimento (A, B e C). Conseguiu angariar 57 milhões de dólares nas primeiras duas séries, que consistem na captação de recursos financeiros iniciais para aumentar a sua capacidade de expansão no mercado, bem como o aprimoramento e otimização de processos. Já na terceira série, que visa o aceleramento da empresa e é geralmente associada a uma expansão internacional, conseguiu cerca de 80 milhões. A empresa utilizará este dinheiro para uma expansão em território nacional, a começar pela abertura de escritórios em Lisboa.
De realçar que, em janeiro deste ano, numa parceria com a Visa ($V), a Anchorage lançou um projeto-piloto, o Crypto APIs. Tem como funcionalidade integrar criptomoedas e outros ativos digitais nos serviços de armazenamento, aquisição e venda de bens digitais dos bancos. Este serviço estará disponível no leque da rede Visa até ao final de 2021.
A fintech transaciona cerca de 100 mil milhões de dólares anualmente e emprega 75 trabalhadores, 15 na divisão do Porto dedicada à engenharia, e os restantes 60 dividem-se entre Dakota do Sul (onde se encontra a sede oficial), São Francisco e Nova Iorque.
Autor: Daniel Branco | Fonte