Os depósitos “encolheram” 2,5 mil milhões de euros, registando uma queda de 1,4% em janeiro, a maior perda percentual da banca desde agosto de 2017.
No passado mês de janeiro, o stock de depósitos das famílias portuguesas caiu 2,5 mil milhões de euros face a dezembro de 2022, fixando-se nos 179,9 mil milhões de euros no final do mês. Através de um comunicado do Banco de Portugal (BdP), esta queda trata-se “da maior redução de depósitos de particulares desde o início da série estatística, em 1979″.
A queda em valor do montante canalizado para depósitos “ocorre num mês em que as subscrições líquidas de Certificados de Aforro (CA) aumentaram 2,9 mil milhões de euros”, o que acaba por constituir um alerta para os bancos.
A redução dos depósitos e o aumento da procura por CA espelha a morosidade que os bancos têm apresentado para refletir a forte subida das taxas nos depósitos.
De acordo com dados divulgados pela Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública (IGCP), as novas subscrições de CA aumentaram para os 3.014 milhões de euros no passado mês.
Também nesta segunda-feira, Christine Lagarde, presidente do Banco Central Europeu (BCE), demonstrou que espera que os bancos reflitam as subidas das taxas de juro na sua remuneração de depósitos, o que em Portugal não tem sido muito célere. Pelo contrário, as taxas de juro relativas ao crédito têm aumentado a um maior ritmo.
A verdade é que existe uma disparidade cada vez maior entre a taxa de juro dos depósitos praticados pela banca e a remuneração dos Certificados de Aforro. Note-se que a remuneração dos CA tem vindo a aumentar ininterruptamente desde janeiro de 2022, passando de 0,41%, à data, até aos atuais 3,5%.
Este fosso entre as duas remunerações é uma das causas já bem visíveis para a realocação das poupanças dos portugueses, que começam a trocar os cofres dos bancos pela dívida do Estado.
Sérgio Garcez, 20 anos, natural de Viana do Castelo. Atualmente frequenta o 3.º ano da licenciatura em Gestão na Faculdade de Economia da Universidade do Porto (FEP). Dado o seu interesse pela área financeira e o seu gosto pela escrita, ingressou na MeuCapital em março de 2022, com o objetivo de promover a literacia financeira em Portugal.