O alerta dos Estados Unidos para a possível invasão da Ucrânia por parte da Rússia desencadeou uma subida dos preços da eletricidade e do gás natural em mais de 10%.
Como interfere, então, esta tensão no abastecimento de energia da Europa?
Atualmente, a Rússia é a principal fornecedora de gás natural da Europa, sendo que, cerca de um terço das exportações flui através de gasodutos que atravessam o território ucraniano. Além disso, as reservas europeias estão, de momento, tanto a níveis bastante reduzidos, como a preços cinco vezes superiores ao normal.
Assim, caso a Rússia decida introduzir limitações – ou mesmo terminar – o abastecimento de gás natural europeu, a crise energética europeia pode sofrer um agravamento exponencial.
Apesar de, em 2019, ter chegado a representar mais de 40% de todo o gás da Europa, no início de 2022, este peso tornou-se menor. De acordo com os dados do instituto Bruegel, no final do mês de janeiro, a Europa recebeu 1,8 milhões de metros cúbicos de gás natural da Rússia, o que significa pouco mais de 20% do total das importações semanais da União Europeia.
Além da Rússia, a UE pode ainda contar com o fornecimento de gás por países como a Noruega, a Argélia ou os Estados Unidos, que é atualmente um fornecedor de grande importância. Tanto assim é que a administração do Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, anunciou no mês de janeiro que está em contacto com fornecedores de gás e petróleo no Médio Oriente, Norte de África e Ásia para aumentar o fornecimento para a Europa. Desta forma, os EUA pretendem diminuir a ameaça que paira sobre a maioria dos países europeus no que toca ao abastecimento de energia.
Desde 31 de janeiro do presente ano, os preços de referência do gás europeu já subiram 14%, para 88 euros por MWh – o mais alto para este tipo de contrato. Já o preço de referência da eletricidade alemã para março subiu 11%, atingindo o valor de 177 euros por MWh.
Autor: Carolina Miguel Ferreira
