Já desde o tempo do Marquês de Pombal que, no processo de desenvolvimento de um projeto para uma cidade, procura-se desenhar um local que sirva e proteja os interesses dos seus futuros residentes. Nessa época, o terramoto de 1755 estimulou os arquitetos e engenheiros a criarem um projeto de cidade que fosse capaz de resistir a futuros terramotos.
Hoje em dia, o Covid-19 foi o “terramoto” que fez com que as pessoas refletissem e evidenciassem certas necessidades das populações urbanas que, no futuro, têm que estar na base do planeamento das cidades.
Uma destas necessidades é tornar o ambiente urbano mais propício para caminhar. É por isso que a Deloitte, através de um estudo, sublinhou que algumas das tendências de futuro serão espaços urbanos contrastantes com espaços verdes, sistemas de mobilidade inteligentes e sustentáveis e “bairros de 15 minutos”, onde todos os serviços necessários estão a 15 minutos de distância. Um exemplo de sucesso de um bairro que incentiva os moradores a caminhar mais encontra-se em Barcelona: o projeto Superblock. Esta é uma zona residencial fechada ao trânsito, apenas com vias pedestres e muitos espaços verdes.
É também fundamental que, perante um envelhecimento da população, as cidades estejam preparadas para pessoas com mobilidade reduzida.
Um dos grandes benefícios secundários deste modelo urbano é a drástica redução da emissão de gases de efeito estufa, uma vez que os transportes são responsáveis por 21% destas emissões.
No entanto, há bastantes mais vantagens. Em primeiro lugar, caminhar regularmente traz benefícios óbvios para a saúde. Em segundo lugar, benefícios sociais porque estamos mais abertos ao diálogo e a socializar. Finalmente, a economia também beneficia dado que as pessoas ao passearem estão mais propícias a passar em montras e em lojas e a gastar dinheiro na economia local. Além disso, espaços urbanos mais verdes e mais amigáveis tornam estas áreas mais apetecíveis e, por isso, o seu valor imobiliário aumenta.
Autor: Francisco Gaspar

Francisco Gaspar, 20 anos frequenta o 2ºano da licenciatura em Economia na Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra (FEUC). Frequentou a AESE Summer School em 2021. É Coordenador do pelouro de Pedagogia no Núcleo de Estudantes de Economia da FEUC e membro da Júnior Empresa de Estudantes da FEUC (JEEFEUC), tendo sido Project Manager do evento “The Trading Game 2022”