Como é que os fundos de investimento alimentam a explosão de SPACs

A febre de SPACs (Special Purpose Acquisition Company) tem crescido ao longo dos últimos anos com os gestores de fundos de investimento e muitos outros investidores a olharem para estas companhias como tendo um risco extremamente baixo.

As SPACs possuem um variado leque de oportunidades quando contrastados com IPOs. Isto acontece pois, quando uma SPAC é criada, o dinheiro que é levantado na sua maioria através de fundos de investimento, normalmente a 10$ por ação (chamado NAV: Net Asset Value), é colocado num fundo onde vai ganhando juros. Depois deste estar público, estes fundos, assim como os retail investors, como são vulgarmente chamados, podem comprar ações a valores bastante próximos destes 10$, minimizando o risco

Numa breve explicação, uma SPAC que levante 300 milhões de dólares a 10$ por ação e que seja comprada por um investidor a 10,20$ representa, no máximo, uma perda de cerca de 2% do valor investido, caso este desça até aos 10$.

Ainda assim, existem obviamente fatores que podem aumentar este risco. Muitas SPACs iniciadas por grandes investidores e que apresentam administrações muito capazes de encontrar alvos de fusão promissores, fazem com que este preço se afaste dos 10$ e que, consequentemente, possa cair consideravelmente caso as expetativas não sejam cumpridas.  Isto pode também acontecer quando rumores de fusão caem por terra ou valorizações de acordos são subitamente alteradas

Por fim, se ao fim dos 18 meses em que deve ser encontrada uma empresa para tornar pública isto acabar por não acontecer, o dinheiro é devolvido aos investidores a 10$ por ação

De realçar que, depois da fusão acontecer, o valor da ação não tem a segurança dos 10$, tornando-se uma ação de uma empresa comum como todas as outras, podendo cair até a um valor de 0, aumentando bastante o risco. É comum, por isso, ver grandes gestores de fundos de investimento a retirarem lucros antes de fusões, em especial quando estes valores se afastam mais dos 10$ por ação. 

Ao invés de um IPO, uma SPAC permite também aos retail investors serem investidores iniciais em companhias que se tornem públicas através destes, algo que não seria possível através de um IPO dado que as restrições são bastantes, não estando ao alcance de qualquer um.

No presente ano foram já levantados mais de 72 mil milhões de dólares através de 235 SPACs, um valor bastante considerável em relação aos 78 mil milhões de dólares arrecadados ao longo de todo o ano anterior por 244 companhias.

Autor: Pedro Alves | Fonte: Financial Times

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