Atualmente, em Portugal, estão disponíveis muitas corretoras por onde o investidor pode escolher para realizar as suas transações. Tal implica uma boa análise das corretoras antes de decidir qual utilizar para este fim. Isto porque é necessário ter em atenção fatores como os custos que cada corretora acarreta pelos investimentos realizados, sendo que permanecer numa que tenha custos elevados reduz os ganhos dos seus investimentos. Neste artigo será realizada a análise dos custos e comissões para as corretoras online populares: DEGIRO, XTB, e eToro.
Existem diversos fatores que influenciam a escolha de determinada corretora, consoante cada tipo de investidor. Para este artigo irei apenas considerar os custos do investimento em ações de cada corretora em análise.
DEGIRO
A corretora deu início aos seus serviços online na Holanda, em 2013. Hoje, a corretora está em 18 países europeus com presença física na Bulgária, Holanda e Hong Kong.
Primeiramente, a Degiro tem uma comissão de conectividade anual fixa, ou seja, por cada bolsa onde o investidor tenha ações, é cobrada uma comissão anual de 2,5€. Assim, se tiver uma ação no mercado Norte-Americano e outra na bolsa da Alemanha, no final do ano é cobrada uma comissão de 5€.
É importante ter em atenção que investir na bolsa americana, por exemplo, não tem os mesmos custos que investir na bolsa portuguesa. Assim, os custos de transação variam consoante a bolsa em que o investidor está a comprar as ações:
- Mercado português: é cobrada uma taxa de 0,50€ acrescida de uma comissão variável de 0,05% em função do valor das ações que o investidor estiver a adquirir, até um máximo de 5€;
- Mercado norte-americano: é cobrada uma taxa de 0,50€ acrescida de uma comissão de 0,004 USD por ação. Para além disso, no momento em que é dada uma ordem de compra de ações denominadas em dólares, a Degiro vai converter os nossos euros em dólares, e esta conversão cambial tem um custo de 0,1% face à cotação de mercado EUR/USD, aplicável no momento em que compramos e no momento em que vendemos;
- Mercado europeu (fora Portugal): é cobrada uma comissão fixa de 4€ acrescida de 0,05% do valor que estiver a ser investido na ação;
- Mercado asiático: é cobrada uma taxa fixa de 10€ acrescido de 0,06% em função dos montantes de compra/venda. Naturalmente, é também cobrada a comissão cambial de 0,1% face à cotação de mercado.
É importante, ainda, salientar outro custo, que pode ser evitado facilmente. Se o investidor tiver mais do que 2.500€ como saldo disponível na conta, a Degiro cobra juros negativos anuais de 0,5%, sobre esse excedente. Isto significa que se alguém tiver, por exemplo, 3.000€ disponíveis na conta, ou seja, dinheiro que ainda pode ser investido, os juros negativos correspondentes aos primeiros 2.500€ são compensados pela Degiro. É aplicada a taxa de -0,5% aos 500€ restantes, constituindo um custo de 2,5€. Se o valor em liquidez for, por exemplo, 12.500€, o custo anual seria de 50€, o que pode ser equiparado às comissões de custódia ou manutenção de conta cobradas por outras instituições financeiras.
Por esta razão, de modo a que o investidor não perca parte do capital depositado, é necessário que este preste atenção ao montante que tem disponível na conta, e que este nunca seja muito alto.
No entanto, se o investidor tiver pago 350€ ou mais em taxas de transação nos últimos 60 dias a compensação é alargada para os primeiros 100.000 € em saldo disponível.
XTB
A XTB Portugal, regulada pela CMVM, já opera em Portugal há alguns anos. No entanto, o seu foco era sobretudo em instrumentos de derivados e negociados fora do mercado (over the counter, OTC). Mais recentemente, começou a oferecer a possibilidade de negociar ações sem custos praticamente nenhuns.
No entanto, há algumas restrições a ter em conta. Não são cobradas comissões de transação até um volume médio mensal de 100.000€ (nº ações X preço pago). A partir deste valor, é aplicada uma comissão de 0,2% ao ano. Ainda assim, esta isenção só é válida para os primeiros 250.000€ da carteira, sendo que a partir daí a comissão é aplicada.
Adicionalmente, outro custo que pode ser facilmente evitado, mas que é necessário ter em atenção, é a comissão de levantamento. Com a XTB, ao levantar um montante inferior a 200€ da conta, a corretora cobra 20€. Se o investidor quiser apenas levantar, por exemplo, 50€, o que poderá fazer para contornar este custo, é depositar 150€ e depois levantar os 200€.
De referir ainda que é cobrada uma taxa de inatividade de 10€, no caso de não ter na conta operações durante um ano, e não ocorrerem depósitos de dinheiro nos últimos 90 dias.
Embora a corretora transmita que não existe qualquer comissão na compra e venda de ações, a verdade é que é aplicado um spread entre a cotação de compra e de venda das ações, ou seja, a diferença entre o bid e o ask da ação. Quanto maior este spread, pior para o investidor, porque reflete o prejuízo que este teria se comprasse e vendesse a ação no mesmo instante, fazendo com que automaticamente o resultado inicial seja negativo, por muito pequeno que seja.
De notar ainda que este spread é variável, por isso, a todo o momento, é importante verificar qual é o spread atual de uma ação, em cada corretora, de modo a verificar em qual é que será mais vantajoso investir.
Tal como foi dito anteriormente, investir em ações portuguesas não acarreta o mesmo custo que investir em ações denominadas noutra moeda. Na XTB a percentagem de comissão que é cobrada nas conversões cambiais é significativamente superior à Degiro, sendo esta de 0,5% face à cotação de mercado entre o euro e a outra moeda em questão.
eToro
A eToro é uma fintech (empresa financeira de base tecnológica), criada em Israel no ano de 2007, e que hoje opera em diversos países.
À semelhança do que acontece na XTB, a eToro aparenta não cobrar pelas transações efetuadas, mas a verdade é que aplica o spread entre a cotação de compra e de venda das ações. O que se tem verificado é que, normalmente, este spread, que reflete a diferença entre a procura e a oferta, tem sido mais elevado quando comparado com, por exemplo, a XTB. No entanto, é algo que o investidor precisa de verificar por si mesmo no momento da tomada de decisão.
É de salientar que a plataforma eToro opera em USD, o que traz custos de conversão cambial para os portugueses que depositem o dinheiro em euros. Isto porque, no momento em que depositamos o dinheiro na conta, a eToro converte automaticamente para USD. O problema é que esta conversão não é efetuada exatamente à taxa de mercado, sendo aplicada uma comissão de 50 pips. Assim, à taxa de mercado EUR/USD é retirado um valor correspondente a 0,005.
Vejamos um exemplo: Se o investidor quiser depositar 10 mil euros na sua conta, e a taxa EUR/USD nessa altura for de 1,1189, se não houvesse nenhum custo associado, o investidor teria 11.189 USD na sua conta. Porém, com esta comissão de 50 pips, o investidor verá na sua conta apenas (1,1189 – 0,005)*10.000 = 11.139 USD, o que representa uma perda de 50 USD.
O mesmo se passa no momento do levantamento, onde os dólares são convertidos para euros, e a essa conversão a eToro também cobra os 50 pips à taxa de mercado.
Porém, este é um custo que pode ser facilmente evitado, se o investidor fizer a conversão do dinheiro que pretende depositar na sua conta para USD, de forma a que a eToro não lhe cobre qualquer taxa pelo depósito.
Outro custo evitável a ter em atenção é a taxa de inatividade de 10 USD, que é cobrada pela eToro mensalmente, caso o investidor esteja inativo durante 12 meses.
Adicionalmente, a corretora cobra uma comissão de levantamento de 5 USD, independentemente do montante levantado. No entanto, há um valor mínimo de levantamento, que é de 30 USD.
Que corretora devo escolher?
De forma a escolher qual corretora utilizar, é necessário ler nas entrelinhas e perceber em que custos é que vai incorrer em cada corretora, consoante o tipo de investimento. Assim, é fundamental ter em atenção fatores como em quantas bolsas pretende investir, qual a moeda em questão para cada investimento, qual o spread das ações, quantas operações é que pretende realizar por mês/ano, qual o montante destes investimentos, entre outros.
Autor: Sofia Sá Guerra
