Poucas semanas após a sua controversa reeleição, Xi Jinping, presidente da República Popular da China, depara-se com um dos maiores desafios da sua governação.
O que aconteceu?
Dezenas de milhares de pessoas, espalhadas por mais de dez cidades, incluindo Xangai, Wuhan e Pequim, protestaram contra o governo chinês e as suas medidas apertadas de controlo à liberdade de expressão e de circulação, sendo esta última suportada pela pandemia.
O evento que desencadeou esta onda de protestos terá sido o incêndio em Urumqi, na província de Xinjiang, que vitimou uma dezena de pessoas, e que foi alvo de fortes críticas por parte da imprensa internacional, culpando as “exageradas” restrições de circulação impostas pelo governo de XI Jinping.
Os protestos são dominados por jovens que se sentem injustiçados com as políticas Covid-Zero de Xi, no seguimento do acumular de frustração que se estende há já vários meses. A continuidade de quarentenas, testagens a nível massivo e, até vigilância eletrónica terão ido um passo longe demais para a população chinesa.
Maior demonstração de apoio às causas da falta de liberdade
A Universidade de elite chinesa de Tsinghua terá sido palco de algumas das maiores demonstrações de apoio às causas da falta de liberdade. Este cenário de contestação terá levado a instituição a oferecer aos alunos a possibilidade de retornarem a casa com transporte oferecido, algo que terá sido recebido com ceticismo, já que o semestre não terá ainda acabado, podendo tratar-se de mais uma medida de opressão chinesa.
Consequências a nível financeiro
A nível financeiro, esta crise social está longe de ser irrelevante, já que os mercados chineses da bolsa de Hong Kong tiveram quedas assinaláveis devido à instabilidade política verificada. No entanto, o efeito sistémico verificado levou a quedas um pouco por todo o mundo, com o preço do barril de crude a perder 2,8% a e indexes globais como o S&P 500 a cair perto de 1%.
A falta de liberdade de expressão
Este atentado à liberdade de expressão parece ter chegado, no entanto, aos media ocidentais. Há sensivelmente uma semana, um jornalista da BBC que retratava em direto o clima de hostilidade e forte presença policial na rua, terá alegadamente sido detido e alvo de uso irregular de força por parte da polícia chinesa.
Todos estes episódios são mais uma imagem do real clima de instabilidade, numa sociedade que se sente aprisionada no seu próprio país, impedida de ser livre por um governo autoritário que não se cansa de tentar controlar aqueles que jurou servir.