A invasão às sedes do poder brasileiro poderá levar o ex-presidente Jair Bolsonaro a ser expulso dos E.U.A.
No passado dia 8 de janeiro, vários prédios da capital brasileira foram tomados por apoiantes do ex-presidente Jair Bolsonaro, derrotado nas últimas eleições, em outubro de 2022.
A invasão deu-se por volta das 14 horas locais, contando inicialmente com cerca de 4.000 manifestantes que se deslocaram em autocarros em direção à Praça dos Três Poderes, onde se localiza o Congresso Nacional, Palácio do Planalto (residência presidencial) e o Supremo Tribunal Federal.
Os “bolsonaristas” conseguiram aceder ao interior dos edifícios através de janelas partidas e mantiveram-se no seu interior, onde deixaram um rasto de caos e desordem, com vários milhões de euros em danos proprietários e uma delicada situação política para Lula da Silva, o atual presidente, gerir. Os manifestantes foram removidos com a ajuda da polícia militar, ao fim da tarde, e a situação já se encontrava mais controlada, mas a mensagem e a destruição deixaram claro o clima de descontentamento e a divisão da população brasileira, pautada nas reações ao sucedido.
Os E.U.A. não foram indiferentes à situação brasileira, que em muito se assemelha com a invasão do capitólio americano, no passado ano de 2022. De facto, Joe Biden condenou prontamente o ataque à democracia e à transferência pacifica de poder, em conjunto com os seus homólogos norte-americanos, o mexicano Andrés Manuel López Obrador e o canadiano Justin Trudeau.
Jair Bolsonaro, atualmente num exílio auto-imposto de duas semanas no estado da Flórida onde tem recebido cuidados hospitalares, tem sido um motivo para grande descontentamento de vários congressistas democratas americanos, que apelaram a que a Casa Branca expulsasse o antigo chefe de estado brasileiro. Por oposição, os republicanos não tomam medidas tão claras para a condenação do problema, existindo apenas alguns que condenaram as manifestações contra o poder brasileiro.
Existem, no entanto, políticos brasileiros que não perdem tempo a associar Bolsonaro aos eventos do passado domingo, afirmando que este deve ser rapidamente extraditado para o Brasil, onde deve ser levado à justiça pelo seu inegável envolvimento nas manifestações. O próprio ex-presidente brasileiro condenou, subtilmente, os ataques às sedes de poder, afirmando que se tinha “fugido às regras do direito de manifestação”.
Este é apenas mais um dos vários episódios que têm marcado a vida política mundial e que porão à prova a administração Biden, que se demonstra uma “firma apoiante da democracia brasileira, bem como do povo brasileiro, que havia elegido Lula da Silva como seu presidente”, confirmado essa mesma atitude de apoio através da visita do atual chefe de estado brasileiro à Casa Branca, marcada para fevereiro deste ano.