Na passada terça-feira, 23 de março, uma forte tempestade africana arrastou um cargueiro (porta-contentores) com mercadoria avaliada em cerca de 10 mil milhões de dólares a bordo, fazendo com que o navio ficasse encalhado na horizontal em relação ao perfil vertical do Canal de Suez.
O cargueiro Ever Given, da empresa EverGreen, sediada em Taiwan, está, até hoje, a obstruir o Canal de Suez, no Egipto. São, neste momento, 237 navios presos naquela que é uma das mais críticas vias de navegação do mundo, uma vez que faz a ligação entre o mar Mediterrâneo e o mar Vermelho.
Estes 237 navios, por sua vez, são os mesmos que iriam abastecer as economias mundiais de produtos provenientes do Oriente. Ou seja, estamos a falar de carregamentos vitais para as cadeias de abastecimento em terreno ocidental, que não irão acontecer nos próximos dias ou até semanas.
“A cada dia que o canal está fechado, os navios porta-contentores e petroleiros não entregam alimentos, combustíveis e outros produtos destinados à Europa, pelo que nenhuma mercadoria é exportada entre a Europa e o Extremo Oriente“, afirma uma especialista da BBC.
Segundo a Lloyd’s List, o valor diário dos contentores que transitam pelo canal é de 9,5 mil milhões de dólares. Portanto, são cerca de 10 mil milhões de dólares retidos diariamente em mercadoria, num canal onde são recorrentes tempestades de areia. É expectável que muitos produtos nem sequer cheguem a preencher as prateleiras das lojas, devido às condições a que estão expostos no canal.
Quem enfrentará as consequências derivadas desta situação? “De acordo com a Lei Marítima, será o comandante/armador e eventualmente a seguradora do navio, que terão que arcar com as despesas inerentes à resolução do problema, mesmo que possa ter sido o piloto do Suez a cometer um erro grosseiro”, diz Cristina Alves, Comandante e Ex-CEO da Portline – Transportes Marítimos Internacionais, S.A.
Autor: Rodrigo Melo | Fonte: Bloomberg
