De momento, os bancos são agentes altamente interessados na conceção da sua própria moeda digital, não obstante recusarem criptomoedas devido a complicações no sistema monetário e à “falta” de segurança.
De acordo com um estudo do Bank for International Settlements (BIS), aproximadamente 60% dos Bancos Centrais estão em fase de produção de moedas digitais.
Em 2019, 42% dos bancos encontravam-se em fase de testagem ou experimentação, ao passo que no ano passado a maioria dos bancos encontrava-se já na fase das provas destes ativos não físicos. Três quartos dos bancos que foram considerados no estudo do BIS têm interesse no lançamento de moeda digital.
Mas afinal porque é que os Bancos Centrais têm interesse em criar as suas próprias moedas digitais?
Os Bancos Centrais têm todos como missão/tarefa a emissão de moedas e notas, ao passo que alguns deles têm como objetivos propiciar o crescimento económico e conservar o poder de compra da população. No estudo realizado pelo BIS, cooperaram 65 Bancos Centrais, dos quais 44 pertencem a economias emergentes e 21 a bancos de economias desenvolvidas.
As razões que levam os Bancos Centrais a criar moedas digitais são aperfeiçoar a sua segurança e incrementar a eficiência e eficácia dos pagamentos. Ainda assim, se olharmos para os Bancos Centrais dividindo-os em economias emergentes e desenvolvidas, os interesses são diferentes.
No que concerne à regulamentação, as expetativas acerca do lançamento das criptomoedas são incertas. Cerca de 26% dos Bancos Centrais afirmam que não possuem autoridade para emitir uma moeda digital, enquanto que um quarto tem autoridade legal para lançar um ativo não físico.
Para a maioria dos Bancos Centrais, a emissão de uma moeda digital no médio prazo está em “cima da mesa”.
Existe então concorrência entre as criptomoedas já existentes e as futuramente criadas pelos Bancos Centrais?
Os Bancos Centrais observam as criptomoedas, nomeadamente a Bitcoin ($BTC) e a Ethereum ($ETH), como um produto de nicho dado que ainda não possuem liberdade de serem utilizadas em todas as operações. Ainda assim, a maioria das autoridades monetárias examina cuidadosamente stablecoins, uma vez que o seu principal objetivo é oferecer estabilidade de preços.
As autoridades monetárias ao lançarem as suas próprias criptomoedas não o fazem com interesse em competir diretamente com as moedas digitais já existentes, mas sim em neutralizar a influência das criptomoedas mais populares nas transações. Este interesse tem fundamento, uma vez que poderá fragilizar o papel dos Bancos Centrais na economia, de acordo com o Banco Central Europeu.
Ainda não se conhece qual o primeiro Banco Central a emitir o seu ativo não físico, mas sabe-se que esta é uma realidade no médio prazo.
Autor: Joana Marcos