Banco de Portugal alerta para riscos à estabilidade financeira

O Banco de Portugal (BdP), instituição liderada por Mário Centeno, advertiu na passada segunda-feira, no Relatório de Estabilidade Financeira (REF), que a pandemia de covid-19 pode causar riscos de médio-prazo à estabilidade financeira.

Incerteza é a nota dominante do documento, que refere que os efeitos da pandemia não estão ultrapassados, nem integralmente materializados, sendo ainda incerta a extensão total da crise sanitária.

O relatório alerta ainda para a pressão de uma subida sustentada e generalizada do nível médio de preços (inflação), juros, risco de crédito e endividamento, mas sobretudo para a necessidade de corrigir as contas públicas. O governador já tinha recentemente sublinhado que o governo terá dois a três anos para repor o equilíbrio das contas públicas.

Note-se que as medidas de mitigação do impacto da pandemia e de apoio à atividade económica originaram um recurso acrescido à dívida, tanto pública como privada e, consequentemente, um aumento dos défices orçamentais. 

O BdP considera de suma importância que o próximo executivo (independentemente de qual seja), que vai ser eleito no próximo dia 30 de janeiro, avance com “um plano credível de consolidação orçamental, em particular de reversão do aumento da despesa permanente acima da trajetória do PIB, é importante para mitigar este risco”.

Porém, o aviso de Mário Centeno não é apenas dirigido para o atual e futuro executivo, mas também para os bancos, que tinham 16% do seu ativo aplicado em títulos de dívida. A estes foi aconselhada ponderação dos riscos nos seus processos de decisão, dada uma possível materialização do risco de créditos ou uma deterioração da qualidade dos ativos.

Subjacente à referida materialização do risco de crédito está um aumento nas taxas de juro de longo prazo, que constituem um custo efetivo do financiamento. Como tal, é mais importante do que nunca um registo adequado para créditos.

Assim, tendo em consideração a atual conjuntura do país, o Banco de Portugal defende que as atuais políticas económicas devem apoiar uma recuperação económica sustentável e duradoura de todos os setores, continuando a contribuir para a mitigação da pandemia, mas controlando ao mesmo tempo a acumulação de vulnerabilidades financeiras. 

Autor: Duarte Moura

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