Aumento da tensão entre Washington e Pequim

Nos últimos tempos, tem-se dado um aumento da tensão entre Washington e Pequim. Na passada quinta-feira, dia 18 de março, as duas potências mundiais reuniram-se em Anchorage, no Alaska, para darem início a dois dias de conversações. Um dos principais temas em cima da mesa foi a posição da administração de Biden sobre as relações económicas entre os Estados Unidos da América e a China. Essa posição de força revelou-se surpreendente para a comitiva chinesa.

Sem que nunca fosse mencionado o nome do principal rival económico americano, antes dos encontros, a Casa Branca já tinha pedido para que fossem analisadas as redes de fornecimento que pertencessem ou fossem geridas por “nações que são ou tenham uma grande probabilidade de se tornarem hostis ou instáveis”. Entre estas redes de fornecimento estavam as que dizem respeito às “terras-raras” (metais de terras-raras), um mercado que a China se destaca como sendo um dos principais exportadores do mundo.

Em Anchorage, os representantes chineses esperavam uma atitude diferente daquela apresentada durante os últimos quatro anos por parte da equipa de Donald Trump, mas os encontros acabaram por ser uma oportunidade para apontar dedos e acusações de ambas as partes

O secretário de estado americano deixou claras as preocupações com ataques cibernéticos aos EUA e as ameaças e chantagens económicas a aliados da Casa Branca, levadas a cabo pela China. Do outro lado, o antigo Ministro dos Negócios Estrangeiros, Yang Jiechi, acusou os EUA dos problemas que têm enfrentado a respeito dos direitos humanos e de usarem o seu poder militar para reprimir outros países.

Nas últimas décadas, o défice da balança comercial americana com a China tem vindo a crescer, justificando assim o facto de a China ser o país do qual a América mais importa bens. Apesar de serem grandes rivais económicos, a China é o terceiro maior parceiro comercial dos EUA com 558,1 mil milhões de dólares em trocas comerciais só no ano de 2019. 

Contudo, a Administração de Biden já demonstrou que a sua posição não será de trade at all costs. Situações como a violação dos direitos humanos e a segurança nacional estão entre as principais preocupações da Casa Branca. 

Um dos grandes temas na discussão sobre as relações comerciais entre as duas potências mundiais são os entraves à gigante das telecomunicações chinesa, Huawei. Um caso que se prende diretamente com a segurança nacional devido às acusações de roubo de informação. 

Biden espera conseguir lidar com esta situação de uma maneira menos destrutiva do que o seu antecessor. Para tal, confia a missão a Katherine Tai, eleita no Senado através de um voto unânime. Espera-se que a nova representante americana reveja as políticas impostas por Trump no acordo “Fase Um”, nomeadamente, as políticas sobre as tarifas de importação de produtos como o ferro, alumínio e bens de consumo do mercado chinês.

Já foi reconhecido pelo atual presidente americano que a China é o principal rival económico dos Estados Unidos da América, mas foi também durante a sua campanha eleitoral que Joe Biden afirmou que pretendia reatar as relações diplomáticas e económicas com Pequim.

De acordo com a agência Bloomberg, caso estes dois dias de conversações tivessem corrido bem, Pequim iria colocar a hipótese de uma cimeira entre os presidentes dos dois países, a realizar já em abril. Algo que devido ao desenrolar dos últimos acontecimentos, não parece muito provável de vir a acontecer.

Autor: Rodrigo Pinheiro | Fonte: CNBC

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