O artista americano Mike Winkelmann, mais conhecido por Beeple, fez história ao vender uma obra de arte inteiramente digital, um NFT, por 69,3 milhões de dólares, o que equivale a cerca de 58 milhões de euros.
A obra foi vendida na tradicional casa de leilões britânica Christie’s, nesta que foi a primeira peça de arte digital apresentada pela famosa casa com mais de 250 anos de história.
Este recorde marca a revolução que se vive neste novo mercado, sendo não apenas a obra mais cara da história dos NFTs, mas também a terceira mais cara de qualquer artista vivo, incluindo obras tradicionais. Esse ranking é liderado por obras de David Hockney e Jeff Koons, cujas obras foram vendidas, em 2018 e 2019, por valores a rondar os 90 milhões de dólares.
Esta arte digital, de nome “Everydays: The First 5.000 Days” reúne os 5 mil primeiros desenhos feitos pelo artista desde maio de 2007, quando decidiu criar o projeto que inclui a criação de uma arte digital por dia.
O leilão começou a 25 de fevereiro, nos cem dólares, contudo as licitações chegaram rapidamente aos milhões e terminaram na quinta feira com o valor recorde de 69,3 milhões de dólares, saltando nos últimos minutos de 20 milhões para quase 70 milhões de dólares pagos na criptomoeda Ethereum.
“Os artistas têm usado softwares e armazenamento de dados para criar arte e distribuí-la na Internet há mais de 20 anos, mas (até agora) não havia uma maneira real de possuí-la e colecioná-la”, disse Winkelmann num comunicado divulgado pela Christie’s após a venda. Winkelmann revela ainda que acredita que estamos a testemunhar um novo capítulo da história da arte, a arte digital.
NFTs são ativos digitais únicos que contêm informações de propriedade e outros dados registados na tecnologia blockchain e que podem funcionar como prova de autenticidade e de propriedade no âmbito digital. Os NFTs são muito utilizados para digitalização e comercialização de arte digital, colecionáveis, álbuns de música, etc. Em geral, os NFTs são mantidos na blockchain da Ethereum, mas outros blockchains, como o Flow e Theta também suportam este tipo de ativos.
Os NFTs (Non-Fungible Tokens) são uma forma de, usando os benefícios de uma base de dados descentralizada, garantir a propriedade e a proveniência de cada obra de arte. Ao estar tudo registado na blockchain, por várias cópias que possa haver dos ficheiros digitais que compõem a peça de arte, sabe-se que a original é a que está registada na blockchain, como se tivesse um certificado de autenticidade arquivado na base de dados descentralizada.
Autor: Bernardo Pestana Bastos | Fonte: New York Times