Inúmeros são os modelos que se dedicam ao estudo da relação da dívida que uma empresa contrai e o valor que a mesma apresenta. Enquanto alguns afirmam que a taxa de endividamento não altera o valor intrínseco da empresa, outros defendem que, associado à dívida, os acionistas e gestores são privilegiados com o tão conhecido tax shield, pelo que o resultado líquido e posterior valor da empresa será superior.
Modelo Modigliani e Miller I e II
Existem duas versões do modelo de Modigliani e Miller para os quais a influência da dívida no valor da empresa é aquilo que distingue no que toca a adoção de uma versão, em detrimento da outra.
Enquanto na primeira versão, e pressupondo ausência de qualquer instrumento fiscal que incida sobre a empresa, o valor da empresa é independente do nível de alavancagem que a mesma tem. Isto significa, por outras palavras, dizer que uma empresa somente constituída por capitais próprios tem exatamente o mesmo valor que uma empresa cujo nível de endividamento é o maior possível.
Na segunda versão, estes dois autores, ao assumirem carga fiscal a incidir sobre os rendimentos da empresa, afirmam que quanto maior o nível de endividamento, maior será o valor que a mesma tem, pelo benefício fiscal com que a mesma é privilegiada. Tal tax shield está associado ao facto da necessidade de a empresa deduzir os encargos financeiros com o endividamento, no apuramento da matéria coletável, ou seja, aquela que vai ser sujeita à taxa de imposto, normalmente o IRC aplicável às empresas.
Pecking Order Theory
A Pecking Order Theory é outra teoria amplamente conhecida no que toca à afetação da estrutura financeira de uma empresa no valor da mesma. Dá preferência aos recursos gerados internamente que possam financiar a empresa, sendo estes os primeiros a serem utilizados.
Há assim uma hierarquização no que toca aos meios financeiros a serem utilizados. Apenas quando estes foram utilizados integralmente, é que a empresa recorrerá a financiamento externo, sendo, por isso, os capitais alheios o último recurso monetário acessível para financiar a empresa.
Dada uma particular preferência por recursos financeiros internos, esta teoria defende que quanto menor for o nível de endividamento da empresa, maior rentabilidade a mesma oferecerá, pela ausência de necessidade de recorrer a fatores externos.
Estrutura Financeira Ótima
Existem outros tantos que defendem que existe uma estrutura financeira ótima, ou seja, uma proporção de capitais próprios que combinada com uma certa proporção de capitais alheios minimiza o custo médio de capital, vulgarmente conhecida por WACC e, que por isso, maximiza o valor da empresa.
Esta teoria também tem em sua consideração possíveis custos de agência entre acionistas, gestores e credores.
Estes são três dos modelos mais conhecidos no mundo das finanças e da gestão. É verdade que, associado à dívida, não nos podemos esquecer do risco financeiro associado, mas, de facto, uma combinação de capitais próprios e alheios pode de facto reduzir alguns custos para a empresa. Será que, nos tempos futuros e na atual incerteza que o mundo está sujeito, empresas optarão por combinar os seus capitais com capitais de outros ou darão preferência à exclusividade dos capitais dos acionistas?

Bárbara Costa, 22 anos, natural do Porto. Frequenta o 3ºano de Economia na FEP. Faz parte da plataforma digital “Hollow”, apoiando os subscrito em algumas unidades currriculares da licenciatura. Explicadora de Economia a dois alunos do 10ºano do ensino secundário. Integrou a MeuCapital, em abril de 2022, com o propósito de estar mais a par dos acontecimentos financeiros atuais, bem como de alargar algumas das suas capacidades cognitivas.