Ações no setor tecnológico com potencial de crescimento em 2021

Não é surpresa nenhuma que os mercados financeiros sofreram em grande escala, e que várias empresas viram as suas ações a caírem rapidamente com a chegada da pandemia Covid-19. Assim, desde então, o mercado de ações tem vindo a ser liderado por empresas nos setores que os investidores consideram que mais se relacionam com o estado da economia em geral, isto é, os setores relativos aos consumos considerados cíclicos. Este tipo de consumo refere-se aos bens ou serviços “não essenciais”, logo, as ações das empresas pertencentes a este setor variam conforme o ciclo económico. Quando a economia está em crescimento há mais consumo, tanto por parte das pessoas, como das empresas. Deste modo, negócios dentro do setor industrial, financeiro ou energético costumam ter impactos positivos nas suas vendas e lucros.

Há vários ETFs representativos de determinados setores, contendo apenas (ou na sua maioria) ativos desse mesmo setor. O Energy Select Sector SPDR ETF ($XLE), que retrata o setor da Energia, procura representar de forma eficaz o setor da Energia do índice S&P500. À semelhança, o Financial Select Sector SPDR ETF ($XLF) segue o setor financeiro do mesmo índice, e o Industrial Select Sector SPDR ETF ($XLI), o setor industrial do índice. Desde o início de novembro, os ETFs verificaram aumentos de 71%, 39% e 23%, respetivamente.

Este recente bom desempenho por parte destes setores opõe-se ao que se verificou na maior parte do ano de 2020, onde as empresas com o melhor desempenho e que superaram o mercado eram sobretudo do setor tecnológico, cuja trajetória de crescimento não depende da economia. Sabemos que o Technology Select Sector SPDR ETF ($XLK) verificou um aumento de 21% desde novembro, o que é considerado bom, embora que ainda fique atrás do crescimento verificado pelos consumos cíclicos, no mesmo período. Para além disso, no ano de 2020, os líderes de mercado deram-se, também, pelas empresas cujos negócios são estáveis, independentemente do estado da economia no momento – como é o caso de setores como os serviços públicos ou a saúde. O Utilities Select Sector SPDR ETF ($XLU), representativo do setor dos serviços públicos, caiu 4% desde novembro, e o Health Care Select Sector SPDR ETF ($XLV), relativo à saúde, aumentou 12%.

Deste modo, uma vez que setores economicamente sensíveis têm superado o crescimento daqueles setores considerados estáveis, espera-se que as empresas que dependem do desempenho do PIB dos EUA verifiquem um crescimento mais rápido dos lucros em 2021 do que as “favoritas” do mercado da última década. Ou seja, é expectável que exista um maior crescimento por parte das ações da Chevron ($CVX) ou General Motors ($GM), por exemplo, e um menor crescimento de ações da Salesforce.com ($CRM) ou Visa ($V). Isto não significa que as ações relacionadas com o setor tecnológico tenham um mau desempenho em 2021, apenas que é mais provável que haja oportunidades de crescimento mais rápido fora deste setor, especialmente quando comparado com 2020, ano esse que afetou tão negativamente os setores cíclicos.

Contudo, é de notar que existem subsetores, dentro do setor da tecnologia, que estão vinculados ao desempenho económico, como semicondutores e hardware de tecnologia. Uma equipa de analistas da empresa Morgan Stanley elaborou um relatório onde são referidos os dois grupos beneficiários do desenvolvimento da recuperação económica. Neste relatório, é dito que estas indústrias são ciclicamente alavancadas, e tendem a beneficiar aquando de melhorias das condições macroeconómicas. Para além disso, é referido que, em média, as empresas nestas indústrias superam as 1500 maiores empresas em capitalização de mercado quando o Índice Industrial de Gestores de Compras ($PMI) do Instituto de Gestão de Fornecimento (ISM) está em crescimento, superando, também muitas outras áreas cíclicas do mercado.

O PMI de fevereiro chegou a níveis de 60, estando na casa dos 50 há vários meses. Quando comparado com níveis do ano passado, verifica-se uma subida de mais ou menos 15%, o que indica um forte crescimento da atividade.

Analistas da Morgan Stanley apontaram que as ações de hardware e tecnologia, embora caras em termos absolutos em comparação com a sua própria história, são negociadas a valores consideravelmente baixos nas suas avaliações relativas médias históricas, em comparação com o setor da tecnologia em geral e o S&P500.

O jornal Barron’s selecionou empresas nos subsetores de hardware e semicondutores do Russell 3000 que ficaram atrás do retorno de 24,4% do índice desde novembro, e que, ao mesmo tempo, se comercializavam abaixo do índice (que representa 24.2 vezes os ganhos estimados para este ano).

Assim, foram encontradas 13 empresas de grande perfil que estão nos setores certos para beneficiar da recuperação económica de 2021. Em primeiro lugar, a Qualcomm ($QCOM),a Cirrus Logic ($CRUS) e a Lumentum Holdings ($LITE) que são empresas designers ou fabricantes de semicondutores e componentes relacionados que vão para uma grande variedade de eletrónicos para consumidores e empresas. Já a Corning ($GLW) fabrica vidro para telas de smartphones e para cabos de fibra óptica. As empresas Garmin ($GRMN), Jupiter Networks ($JNPR), e Motorola Solutions ($MSI) montam e vendem comunicações concluídas ou outro tipo de hardware. Para além disso, foram ainda destacadas as seguintes empresas com baixa capitalização de mercado: CMC Materials ($CCMP), CTS ($CTS), Cubic ($CUB), Plexus ($PLXS), e TTM Technologies ($TTMI).

Como qualquer rastreio, esta lista de empresas representa apenas um ponto de partida, sendo que com base em avaliações feitas e desempenho recentes destas empresas, o preço das suas ações não estará, hoje, a refletir o seu grande potencial de crescimento para 2021, com a recuperação da economia.

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