Ações com dividendos: o que avaliar?

As ações de empresas distribuidoras de dividendos têm ganho algum protagonismo que as ações de crescimento quase monopolizavam, nos últimos dois anos. 

Nas últimas semanas, as denominadas dividend stocks têm sido mais referidas devido à incerteza económica gerada pela guerra, pandemia e inflação. Isto porque estas ações representam parte do capital de empresas mais estáveis, com maior vantagem competitiva e que por não crescerem muito, recompensam os investidores através de pagamentos regulares, dividendos.

Este tipo de ativo permite continuar a ter retornos reais positivos que as growth stocks já não têm, ou pelo menos, minimizar a perda de valor real de um portefólio. Isto ocorre por existirem menos vendas destas ações pois o público, em geral, crê que continuarão a operar e, terem o dividendo que apesar de correr riscos, será possível continuar a ser recebido.

Para poder investir neste tipo de ações, é necessário perceber para que números, rácios e percentagens dar maior importância. Isto é vital para poder investir em boas empresas, a bons preços. O crescimento das receitas, lucros e free cash flow são importantes neste caso, tal como noutros. Já para dividend stocks, payout ratio, crescimento do dividendo e até dividend yield, são importantes.  

O crescimento das receitas e lucros é importante, porque demonstra o desejo dos consumidores em adquirir os bens e serviços proporcionados por uma empresa. Enquanto crescerem, a empresa terá mais facilidade em manter-se operacional. O free cash flow (fluxo de caixa operacional sem capital expenditures) determina quanto dinheiro uma empresa reteve no fim de cada ano fiscal, e serve para aquisições, pagamento de dívidas e dividendos e recompra de ações. Quanto maior for, mais seguro está o dividendo e a empresa, pois dispõe de mais dinheiro.

O payout ratio é a percentagem do lucro de uma empresa que é entregue em dividendos. Apesar de ser relacionado com lucros, uma melhor visão para este rácio seria com o free cash flow, que é menos manipulado e melhor para calcular o valor de uma empresa, pois advém da efetiva entrada e saída de dinheiro. O crescimento do dividendo é importante e o desejável é estar acima da inflação. No entanto, o mais importante é o seu historial. Quanto maior o período de distribuição de dividendos, mais provável será que este se mantenha. 

Já o dividend yield, é muitas vezes o valor mais procurado e com maior foco, mas o mais importante é saber se o dividendo é sustentável e não se é alto em relação ao preço pago.

Um dos maiores erros desta estratégia é investir em ações com dividend yields altos. Claro que um yield mais alto é preferível mas o mais importante é a saúde e o futuro da empresa subjacente. Conseguir comprar uma ação com um yield on cost que se encontra acima da inflação é desejável mas pode ser que um crescimento mais alto do dividendo e um yield mais baixo seja mais sustentável, a longo prazo. No entanto, numa perspetiva de curto-médio prazo, pode ser mais vantajoso ter yields mais altos para estrategicamente, combater a elevada inflação e, posteriormente, mudar para yields mais baixos. Tudo depende da estratégia pessoal de cada um.

Concluindo, as dividend stocks tratam-se de ações de empresas robustas, geralmente, que devem ser analisadas de uma forma específica. Devem ser avaliadas por ganhos menos longínquos por não terem tanto por crescer. Estas ações não têm retornos tão altos quanto growth stocks, mas têm maior estabilidade, o que é muito relevante em tempos de incerteza. Podem ser uma ótima forma de ter retornos regulares sobre os investimentos, mas depende do perfil de investidor de cada um.

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