A comando daquilo que são as prioridades fulcrais do Banco Central Europeu, o panorama inflacionário decorrente das crises de produtos energéticos instituiu nas autoridades de política a obrigação de elevarem as taxas de juro de referência, o que, para um país como Portugal, altamente endividado traz à tona diversos imbróglios. Portugal regista um crescimento considerável dos juros da dívida, podendo tal comprometer o seu não tão longínquo futuro.
O crescimento económico flagrante da economia portuguesa, no primeiro trimestre deste ano, não chega para sarar as mágoas que o efeito da guerra têm. Desde o conflito, riscos, dúvidas e incertezas tem tirado o passo acelerado daquilo que poderia ser a prosperidade da economia portuguesa no ano de 2022. O boom inflacionário e juros de dívida crescentes associados à incerteza são os principais motivos para o abrandamento do desenvolvimento do nosso país.
Para aqueles que estavam habituados a taxas de juro negativas estabelecidas pelo BCE, fenómeno tão conhecido pelo mais eruditos de Zero Lower Bound, taxas de juros em patamares positivos podem comprometer a capacidade dos credores em honrar os seus compromissos perante terceiros.
Mário Centeno, atual governador do Banco de Portugal, afirma que os juros de dívida crescentes conduzirão a um maior risco de crédito, principalmente, por parte das empresas mais vulneráveis e com menor capacidade líquida de financiamento.
A 14 de junho do presente ano, a taxa de juro da dívida a dois anos para a economia portuguesa apresentou um máximo de 1,610%, desde 2014, contrastando com o mínimo registado a 29 de novembro de 2021.
Mais recentemente e agora em valores sempre positivos, na passada quinta-feira, a taxa de juro da dívida a dois anos subiu para 0,852%, quando na sessão anterior de quarta-feira, registou um valor de 0,726%. A yield da dívida portuguesa a 10 anos conta-se em 2,144%, refletindo tal valor um incremento de 2,8 pontos base, incremento esse demarcado pelas declarações de Isabel Schnadel, membro da comissão executiva do BCE.
O perigo de um possível período estagflacionista – coexistência de taxas de inflação elevadas e desemprego em alta- para os meses subsequentes amedronta os governadores, uma vez que tal cenário pode não só invadir o nosso país, como parceiros vizinhos, dos quais Portugal está dependente para o seu crescimento e desenvolvimento.
Bárbara Costa, 22 anos, natural do Porto. Frequenta o 3ºano de Economia na FEP. Faz parte da plataforma digital “Hollow”, apoiando os subscrito em algumas unidades currriculares da licenciatura. Explicadora de Economia a dois alunos do 10ºano do ensino secundário. Integrou a MeuCapital, em abril de 2022, com o propósito de estar mais a par dos acontecimentos financeiros atuais, bem como de alargar algumas das suas capacidades cognitivas.