A inflação poderá ultrapassar a meta definida pelo BCE

A economista alemã e membro do Conselho Executivo do Banco Central Europeu, Isabel Schnabel, disse que é “necessário e proporcional” que a inflação ultrapasse a meta da instituição por um curto período de tempo durante a fase de recuperação da economia.

A membro do Conselho Executivo afirmou este sábado que vê “evidências crescentes” de que as expectativas de inflação futura estão a ir, finalmente, de encontro à meta estabelecida pelo BCE de manter a inflação em valores um pouco abaixo dos 2%. Ainda assim, segundo a economista alemã, os estímulos monetários e fiscais contínuos são necessários para garantir que essa meta seja atingida.

“Anos de repetidas previsões exageradas da trajetória futura da inflação exigem que as perspetivas de inflação mais alta migrem visivelmente para o cenário base e se reflitam na dinâmica real da inflação subjacente”. Schnabel acrescentou ainda que “essa paciência pode fazer com que os resultados da inflação fiquem moderadamente acima da nossa meta, por um período temporário. Este será um requisito necessário e proporcional para estabelecer as condições necessárias para escapar à baixa inflação”.

Estes comentários surgem no momento em que o BCE se prepara para uma reunião especial, que decorre esta semana, para debater a mudança da sua estratégia acerca da estabilidade de preços. De acordo com o presidente do Bundesbank, Jens Weidmann, manter o estímulo quando o crescimento dos preços está acima da meta estabelecida pode destruir a credibilidade do BCE.

Schnabel diz que os receios de uma inflação demasiado alta são “infundados” e que as pressões diminuirão no próximo ano, com a previsão do BCE de um crescimento dos preços no médio-prazo abaixo da sua meta. Ainda assim, a economista alemã observa que os indicadores de mercado sugerem alguns riscos positivos.

A reabertura da economia da Zona Euro poderá ter um impacto maior do que o esperado, já que os desequilíbrios entre a procura e a oferta no curto-prazo poderão levar as empresas a aumentar os preços, enquanto os consumidores se apresentam disponíveis para pagar esse aumento sem abdicarem do seu consumo, devido às poupanças acumuladas. Estes desequilíbrios poderão permanecer, com o excesso de poupança e os planos de gastos públicos a manter a procura elevada durante um período de tempo sustentado.

A economista alemã considera ainda que, pela primeira vez em muitos anos, a saída da pandemia da COVID-19 fornece algum terreno para um otimismo cauteloso, com base no aumento das expectativas de inflação a longo-prazo. Esta acrescenta que “a economia da Zona Euro pode, eventualmente, escapar do ambiente de baixo crescimento e baixa inflação que dominou o cenário macroeconómico durante a maior parte da última década.”

Autor: Fábio Lopes 

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