Quem está preocupado com a inflação agora? O mercado não parece estar preocupado e o público, em geral, também não. Assim, este parece um excelente momento para começar a apostar no aumento da inflação.
O medo da inflação está a diminuir. Há pouco tempo atrás, a preocupação era generalizada com as suas inúmeras variações. O valor da inflação nos títulos do tesouro protegidos pela inflação (TIPS) de cinco anos caiu de 2,72% para 2,49% em maio.
Numa pesquisa do Bank of America no mês passado verificou-se que 72% dos entrevistados consideravam a inflação transitória. Até as pesquisas no Google pela palavra “inflação” caíram 80% sendo ainda mais baixas do que no ano anterior.
Contudo, a inflação não foi embora. Esta encontra-se presente em quase todos os lugares, estando as métricas de inflação a chegar com mais força do que o esperado. Podemos observar os ganhos da General Mills ($GIS), quando a empresa afirmou que aumentaria os preços para cobrir o aumento dos custos dos inputs. Foi na pesquisa de manufatura do Institute for Supply Management, onde os preços pagos pelo componente subiram para 92,1, o maior aumento desde 1979.
Segundo Michael Shaoul, CEO da Marketfield Asset Management, “Leituras acima de 90 num medidor de difusão com um máximo de 100 são extremamente raras por razões óbvias”; “Mais uma vez, pode provar que o choque de pico da inflação é ‘transitório’, envolvendo um overshoot para uma ampla variedade de preços, mas isso não significa que não possa ser um ponto de inflexão na tendência mais ampla da inflação.”
Não é necessário acreditar num aumento de preços do estilo dos anos 70 ou mesmo que a inflação permaneça baixa por causa de questões demográficas, para se conseguir reconhecer o potencial da inflação, escreveu o estrategista do JPMorgan Eduardo Lecubarri. “Enquanto algumas pessoas argumentam que o recente aumento da inflação será temporário, ou seja, existe um ambiente estruturalmente inflacionário e taxas de juro baixas, outros acreditam que estamos nos primeiros tempos de um aumento prolongado da inflação”, explica ele. “Seja qual for o caso, parece sensato supor que a inflação permanecerá elevada em comparação com a sua recente história durante 2021 e, potencialmente, parte de 2022.”
12 ações para ter em conta
Perante isto, o JPMorgan fez uma triagem de ações de pequena e média capitalização com desempenho superior, durante os períodos de alta da inflação, após a crise financeira. As 12 ações para ter em conta são: Kronos Worldwide ($KRO), Crane ($CR), EnPro Industries ($NPO), Casella Waste Systems ($CWST), NL Industries ($NL), Exponent ($EXPO), Stamps.com ($STMP), Atrion ($ATRI) , Neogen ($NEOG), World Acceptance Corporation ($WRLD), Netgear ($NTGR) e Coherent ($COHR).
Por fim, não importa como os investidores obtêm uma exposição à inflação, desde que a obtenham. “O risco de enfraquecimento do crescimento económico numa inflação potencialmente não temporária é muito real”, escreve Tom Essaye, do The Seven’s Report. “E esse continua a ser um dos maiores riscos para os mercados mais amplos no momento.”
Autora: Inês Pereira
