Vista como uma possível retaliação das sanções aplicadas ao seu país, Vladimir Putin anunciou um possível corte de abastecimento de gás russo, em finais de abril. Tal pode significar recessão económica na Zona Euro, resultante da dependência forte da Europa desta matéria-prima originária da Rússia.
A exigência do pagamento do gás russo em rublos russos limita as trocas comerciais para os países que se recusam a pagar nesta moeda. Tal imposição é utilizada não só como ferramenta para impedir a desvalorização da moeda, permitindo assim a subida do preço do gás, mas também, como arma estratégica geopolítica e económica.
A considerável subordinação dos importadores à matéria prima oriunda deste país, faz com que o preço superior do gás da Rússia, face à concorrência, mais que compense a diminuição da quantidade exportada para a Europa, resultante da perda de competitividade externa.
Claro está que, estando na base dos processos produtivos de inúmeras indústrias, a subida crescente do preço do gás russo irá provocar um aumento generalizado do preço de vários bens e mercadorias e, por isso, uma subida abrupta da taxa de inflação, deveras incomportável para o nível de rendimento médio disponível da maioria dos indivíduos.
Fechar a torneira do gás russo pode significar a perda de inúmeros postos de trabalho e a “bancarrota” de várias indústrias que dependiam, fortemente, das importações russas, fomentando a grave recessão económica sentida na Europa, desde fevereiro do presente ano.
A Alemanha parece ser um dos países que mais poderá ser prejudicado com a interrupção súbita no fornecimento desta matéria-prima. Em 2021, o gás russo representava cerca de 55% das importações alemãs, número exageradamente elevado, o que transparece o forte laço entre o território alemão e russo, relativamente a esta matéria-prima.
Perante uma possível escassez de gás no mercado internacional, as empresas provisionam quotas na utilização de gás, promovendo, deste modo, o desenvolvimento e a emergência de outras fontes de energia, tendo sempre como preferência as de energias renováveis.
Para além disso, a reabertura de algumas centrais produtoras de carvão pode ser uma das medidas a adotar em alguns países, diminuindo, por isso, o recurso a importações. A restauração e amplificação de minas de carvão e a diversificação das cadeias de abastecimento também são estratégias a considerar em diversos países, como é o caso da Alemanha.
Bárbara Costa, 22 anos, natural do Porto. Frequenta o 3ºano de Economia na FEP. Faz parte da plataforma digital “Hollow”, apoiando os subscrito em algumas unidades currriculares da licenciatura. Explicadora de Economia a dois alunos do 10ºano do ensino secundário. Integrou a MeuCapital, em abril de 2022, com o propósito de estar mais a par dos acontecimentos financeiros atuais, bem como de alargar algumas das suas capacidades cognitivas.