Com a pandemia, os preços das matérias primas agrícolas, já demonstravam tendências de crescimento, algo que se veio a agravar com a guerra na Ucrânia. A importância dos solos da Ucrânia para a alimentação da população mundial não é um tópico recente, contudo, com a invasão da Rússia este tornou-se um tema de atual debate dado o impacto que terá caso brevemente não seja posto termo à guerra.
Nos últimos meses, os cereais atingiram preços recorde. Observa-se uma tendência de crescimento nos preços das matérias-primas, sendo que a especulação nos mercados financeiros é um dos motivos para tal se verificar. No trigo, os preços dos contratos futuros subiram mais de 30% quando comparados com os valores antes da guerra. Este aumento deve-se não só à guerra, mas também ao inverno pouco chuvoso que teve grande impacto nas produções. Assim, as organizações internacionais esperam que em 2022 exista uma quebra acentuada nas produções de trigo a nível mundial.
Os solos férteis ucranianos permitiram a este país ser, em 2021, o terceiro maior exportador de milho e o quarto maior exportador de trigo. Para 2022, e segundo as projeções do ministro da agricultura ucraniano, Mykola Solsky, espera-se uma diminuição entre 20% e 50%, se não superior, nas toneladas de cereais produzidas pela Ucrânia, estes valores são reflexo não apenas da destruição mas também da dificuldade em obter matérias-primas, da falta de combustível, fertilizantes e pesticidas e ainda da dificuldade em exportar dado que os seus principais portos marítimos, estradas e pontes se encontram destruídos.
Com a redução das exportações ucranianas e com as sanções impostas à Rússia, que condicionam o abastecimento de cereais provenientes deste país, levam a que as projeções indiquem que a alimentação da população mundial será afetada. A ONU prevê ainda que a tendência de crescimento do número de pessoas a passar fome, que se observa desde 2019, seja acentuada ainda mais em 2022.
Autora: Sara Santos
