No mundo dos investimentos, é fácil que nos deixemos levar por mitos e ideias preconcebidas que nem sempre refletem a realidade. Neste artigo, vamos descodificar e desvendar alguns desses equívocos, fornecendo uma perspectiva mais informada, com o objetivo de tomar decisões de investimento mais sólidas e fundamentadas.
Mito 1: Investir em imóveis é sempre uma boa opção
Realidade: Embora seja verdade que investir em imóveis pode ser vantajoso, não significa que seja sempre a melhor escolha. Isto ocorre porque, em períodos de taxas de juros baixas, é possível obter ótimos retornos por meio de alugueres. No entanto, quando as taxas estão altas, como estão atualmente, é possível obter ganhos igualmente impressionantes através de contas poupança (com muito menos risco).
Além disso, embora muitos falem sobre a valorização do investimento ao longo do tempo, isto dependerá da região escolhida e de um certo custo de oportunidade – relativo a outro tipo de investimentos. Nos últimos doze anos, os preços das casas em Portugal aumentaram cerca de 80%, ultrapassando até a média da União Europeia. No entanto, este crescimento ainda fica atrás do retorno do S&P 500 no mesmo período, que foi de aproximadamente 172%.
É importante destacar também que investir em imóveis requer não apenas tempo e esforço, mas também um grande investimento inicial. Geralmente, é necessário obter um empréstimo para realizar um investimento imobiliário. Embora o valor alavancado possa aumentar os retornos, os pagamentos dos juros do empréstimo podem reduzir os lucros obtidos.
Portanto, é fundamental realizar uma análise cuidadosa antes de decidir investir em imóveis ou noutras opções disponíveis no mercado.
Mito 2: Quanto mais ações ou fundos possuímos, mais diversificado está o nosso portfólio, reduzindo o seu risco
Realidade: A diversificação pode reduzir o risco geral de uma carteira: quanto mais ações possuirmos, menor é o risco de uma única ação nos prejudicar o desempenho do portfólio. No entanto, o tipo de ações que possuímos é, sem dúvida, mais importante. Uma carteira com 15 ações de empresas de tecnologia dos EUA não se comportará da mesma forma que uma com 15 ações de diferentes setores ou uma carteira espalhada por diferentes países e classes de ativos.
Para estarmos verdadeiramente diversificados, devemos possuir ativos que não estejam fortemente correlacionados entre si, ou seja, que não reajam da mesma maneira a diferentes ambientes de mercado.
Mito 3: Dividendos regulares são sempre um indicador promissor
Realidade: Os dividendos podem ser um sinal de uma empresa saudável e lucrativa, mas também podem indicar que a empresa esgotou as suas oportunidades de crescimento e está a distribuir dinheiro aos acionistas em vez de reinvestir. Em vez de apenas olharmos para os rendimentos dos dividendos, devemos também prestar atenção à capacidade da empresa de sustentar e aumentar os dividendos ao longo do tempo.
À medida que mergulhamos no mundo dos investimentos, é crucial lembrar que a verdade muitas vezes difere da perceção comum. Investir em imóveis, diversificar o portfólio e avaliar dividendos requer análise criteriosa, compreensão do mercado e um olhar atento às circunstâncias económicas.
Gostaria de terminar com uma frase de Warren Buffett, que não nos deixa dúvidas em relação ao processo de estudo que devemos ter para encontrar oportunidades lucrativas e construir um futuro financeiro mais sólido: “O risco vem quando não sabemos o que estamos a fazer.”
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João Vigário, 21 anos, natural de Lisboa. Licenciado em Gestão e Administração de Empresas na Católica Lisbon of Business and Economics. Apaixonado pela área das finanças, investimentos e análise de empresas. O seu primeiro passo para continuar a incentivar este gosto foi a junção à MeuCapital, onde já escreveu mais de 50 artigos.
